Lenine reinventa sua obra com Acústico MTV

Já estão nas lojas de todo o país o CD e o DVD do Acústico MTV Lenine, gravados ao vivo em junho no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em parceria com a Sony/BMG. Com 14 faixas, divididas em dois blocos, o repertório reúne as canções que marcaram a carreira do cantor e compositor, como Hoje Eu Quero Sair Só (Lenine, Mu Chebabi e Caxa Aragão) e Jack Soul Brasileiro (Lenine e Mameluco), trabalhadas em releituras acústicas.

"A mudança sonora no meu caso foi mais sutil, porque já sou bastante acústico. O violão sempre foi meu veículo de criação. Não é tão evidente quanto uma banda pesada como o Nirvana, mas para mim foi um estímulo repensar a harmonia. O mais difícil é despir e revestir uma música que você já cantou 200 vezes. Foi difícil", diz Lenine.

Convidado para o projeto durante uma turnê do disco anterior, Incité (2004), e em meio a produção em estúdio da trilha sonora do grupo Corpo, Lenine aceitou prontamente a proposta sem se importar com os críticos ao já previsível formato acústico.

"Não me preocupei se iriam falar mal do formato acústico. Foi uma proposta irrecusável. Tive toda a liberdade para dirigir a parte artística e escolher meus parceiros", fala, citando a participação no show de músicos de peso.

São eles o compositor camaronês Richard Bona, em A Medida da Paixão (Lenine/Dudu Falcão), a cantora mexicana Julieta Venegas, na canção Miedo (Lenine/Pedro Guerra), o rapper brasiliense Gog, em A Ponte (Lenine/Lula Queiroga), o baterista mineiro Iggor Cavalera, ex-Sepultura, em Dois Olhos Negros (Lula Queiroga), a harpista Cristina Braga, em Paciência (Lenine/Dudu Falcão), e o chileno Victor Astorga (oboé e corne inglês), em O Último Pôr do Sol (Lenine/Lula Queiroga).

Lenine ressalta a importância do trabalho em equipe com a banda - Jr. Tostoi (guitarra), Guila (baixo) e Pantico Rocha (bateria) - que o acompanha há mais de 10 anos.

"O foco desse DVD é a banda. Somos um quarteto e isso é o coração da produção artística. Sou generoso e procuro ouvir o que eles têm a acrescentar. Não faço nada sozinho", afirma.

Conhecido por suas influências musicais ecléticas, o músico diz ser "essencialmente um compositor" e foge do rótulo de artista regional.

Falar sobre o que se faz é difícil. É mais fácil fazer, compor. Mas não gosto de ser definido apenas como um artista pernambucano. Adoro minha terra, mas acho que esse rótulo restringe. Já estou no Rio há 27 anos", diz, explicando em tom de brincadeira a mistura de identidades.

"Tenho sotaque de pernambucano para os cariocas, mas quando vou a Pernambuco meus amigos falam 'ih, chegou o carioca!'", brinca.