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Internacional
Sexta - 01 de Setembro de 2006 às 07:15
Por: Isaac Bigio

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Desde 1934 até hoje, todos os presidentes mexicanos foram eleitos para cumprir períodos de seis anos. Daquele ano até agora, o país se difere do restante da região, pois nenhum presidente chegou ao poder mediante golpe, revolução, ação parlamentaria ou re-eleição.

O México não teve ditadura presidencialista nem democracia multipartidária, senão um híbrido de ambos. Sua estabilidade se baseou em um regime de ‘partido único’ que durou de 1928 até 2000 - regime somente superado em dois anos por Moscou, 1917-1991.

Após o colapso soviético e o avanço da globalização liberal, o monopólio do PRI foi se desarticulando, ao ser superado por votos da direita (PAN) e da esquerda (PRD). Apesar de o México ter passado do unipartidismo ao tripartidismo, o país ainda mantêm um mecanismo ideal para a manutenção legalizada do unipartidismo.

O México não conta com um poder judicial confiável, como também, não tem segundo turno eleitoral.

Dois Poderes

Apesar dos avanços do Tribunal Eleitoral na confirmação da leve vantagem do conservador Calderón, o esquerdista López Obrador responde que um golpe será imposto. Ao fazer tal afirmação, ele “desconhece” a Calderón como presidente e organiza uma “resistência civil pacífica” ou um “governo paralelo”.

Para o The New York Times, pedir a recontagem de votos pode ser justo em um país com tradição de fraudes, embora conclame para que López deixe as ruas e aceite a decisão judicial para evitar que o país se torne “ingovernável” e polarizado ‘por classe e geografia’, entre o sul pobre e o norte rico.

Por outro lado, López é pressionando pelos ‘moderados’ de seu partido (PRD), que aceitariam proceder como oposição legal a Calderón, se o regime fizer algumas concessões aos ‘vermelhos’, que não desejam somente continuar ocupando o centro do panorama capitalista, como também promover “levantes populares”.

Se a ameaça da uma “dualidade de poder” não for dissipada, o México poderá estar entrando no fim da sua estabilidade (baseada durante 72 anos em fortalezas presidencialistas) e se embarcando numa crise que afetaria sobremaneira toda a região.

Impasse latino-americano

Desde o dia 27 de novembro de 2005 até o dia 02 de Julho ocorreram eleições presidenciais em 09 países americanos (Honduras, Bolívia, Chile, Canadá, Haiti, Costa Rica, Peru, Colômbia e México).

Os únicos pleitos onde ocorreu processo de verificação de votos foram os de Costa Rica e do México. Em ambos casos, o candidato esquerdista pediu revisão na contagem dos votos, pois, o resultado oficial não o concedia o triunfo, por apenas algumas dezenas de votos. Entretanto, o estreante Ottón Solís, da Costa Rica, não protestou e acabou reconhecendo sua derrota, enquanto o mexicano López Obrador denuncia fraude, promove manifestações diárias, desconhece os resultados eleitorais e clama a formar um governo paralelo.

Nesta última leva de eleições americanas, o pleito mexicano foi o único que, dois candidatos transpuseram 40% dos votos válidos e onde a diferença entre os dois foi inferior a 1% dos votos contabilizados.

Paz?

Um analista político deve manter sua objetividade por mais que um conflito lhe afete. No exército israelense servem alguns de meus amigos e sobrinhos e a bombardeada Beirute foi uma cidade onde viveram vários antepassados meus.

Enquanto vejo pais judeus e árabes enterrar os seus filhos, completam-se cinco anos desde que não pude enterrar a minha avó Sara Bigio. Faz um século sua família zarpou de Beirute para as Américas. Até então, os judeus árabes podiam transitar livremente pela Síria, Líbano e Israel.

Após a Segunda Guerra Mundial intensificou-se o desejo de algumas etnias de ter seu próprio Estado. Fragmentou-se o Oriente Médio para dar o Líbano aos cristãos e Israel aos judeus. Isto relegou às outras etnias, gerando guerras que não acabam. A tese do Estado-para-uma-etnia também desmembrou a Iugoslávia, desmembra o Iraque e poderá desmembrar a Ásia Ocidental.

O Oriente Médio só terá paz quando se criar uma comunidade de nações onde muçulmanos, cristãos, judeus e agnósticos sejam considerados cidadãos com plenos direitos e sem vetos de nenhuma classe.

Articulações chavistas Chávez faz diversos contatos pelo mundo.

Chávez realiza duas campanhas eleitorais neste ano. Uma para se reeleger presidente venezuelano e outra para introduzir-se ao Conselho de Segurança da ONU, de onde deseja pisar no calo do texano Bush. Para tanto, ele manteve contato com 53 votantes africanos presentes num encontro que participou em Gâmbia. Deseja receber também, dezenas de votos árabes e muçulmanos quando das visitas que fará ao Irã e Qatar.

Chávez quer se aliar aos países que Bush etiqueta como “párias”. Depois de ter se encontrado com Fidel e Evo em evento do Mercosul, viajou a Bielorússia (que tem o governo europeu o mais “resistido” pelo Ocidente), à Teerã , ao Vietnam e gostaria de ir também à Coréia Norte. Ele esteve na Rússia onde deseja receber estímulos para a nacionalização do petróleo e pretende ainda, prestar apoiar a Síria, o Irã e o Hamas.

Enquanto Bush faz com que o mundo inteiro participe do liberalismo político e econômico, Chávez quer ser o campeão dos 'anti-neoliberais' que defendem a intervenção do Estado na economia e ao mesmo tempo, um mercado 'multi-polar', embora várias das suas forças aliadas tenham um mau registro com relação aos direitos humanos.

O Trio BOB

Bush, Olmert e Blair formam o trio contra o qual cerca de 100.000 pessoas marcharam no dia 10/08 em Londres pedindo o cessar fogo no Líbano. Esta foi a maior demonstração ocidental contra a dita guerra.

Dentro do laborismo cresce a discrepância ante o aval que Blair deu a Bush e Olmert. Até o ex-chefe da diplomacia britânica, Jack Straw, já se distanciou. Os marchistas anti-guerra agora querem “cercar” a conferência anual do governante laborista em setembro, procurando com que Blair saia ou anuncie o ano final de seu mandato.

Nunca nenhum governo britânico durou tanto depois de Washington (nem sequer durante a era Reagan-Thatcher, pois ambos divergiram nas Malvinas e Granada) e Blair vem sendo caricaturizado como o “cachorro bobo de Bush”. No entanto, Blair acusa os pacifistas de serem os bobos úteis de Hizbollah e ao Irã, para minar Israel e os interesses ocidentais e favorecer ao terrorismo, ao fundamentalismo e aos nacionalizadores de empresas.

Sangue e água

Este povo que reclama o reconhecimento do local onde Jesus fez o seu primeiro milagre (convertendo água em vinho), sofreu a pior matança que o Líbano recebeu nesta guerra. Os bombardeios de Israel contra o Líbano no domingo (30/07) produziram aproximadamente 60 mortes civis (37 crianças). O bombardeio ocorreu ao completar-se 10 anos do incidente em que aviões israelenses mataram mais de 100 civis que buscavam abrigo numa sede da ONU.

O bombardeio ocorreu 18 dias após o início dos ataques de Israel ao Líbano e visam castigar o Hizbollah. Entretanto, em meio a todo esse colapso, poucos membros do Hizbollah foram mortos, porém, as mortes no Líbano já superam 800 (quase todos civis) e em Israel estão em torno de 50 (a maioria é militar).

Olmert iniciou uma ofensiva terrestre como quem quer lograr um milagre: erradicar a Hizbollah do sul de Líbano, no entanto, tal ofensiva apenas aumenta a autoridade daquele grupo no Líbano e no mundo árabe. O Hizbollah é que está aproveitando-se dos massacres contra a população e deseja transformar o sangue derramado, cor de vinho, em água, para sua limonada.

Vietnamização

Uma potência militar forte pode vencer um Estado débil em uma guerra convencional de movimentos. Porém, quando os invadidos buscam estruturar uma guerrilha enraizada na população civil e passam a uma prolongada resistência, a hermética do conflito se altera. Então, o cerne dos vencedores não pode ser a força bruta, senão uma série de medidas políticas, incluindo, algumas que busquem atrair e apaziguar os conflitantes.

Israel e EUA têm sabido vencer várias guerras no Oriente Médio. Mas, os EUA no Iraque em 2003, bem como Israel no Líbano em 1982-2000 têm se atacado devido ao fato de terem empurrado a vastos setores populares aos braços de uma guerrilha.

O bombardeio indiscriminado hebreu sobre o Líbano não poderá erradicar o Hizbollah. Mas fará com que, a maioria dos libaneses mortos sejam civis e que toda esta nação rechace o ataque, longe de debilitar ou isolar o Hizbollah, na verdade, está é concedendo-lhe mais apoio e legitimidade interna. Se Israel voltar a ocupar o Líbano, poderíamos voltar a ter um novo Vietnam.





Fonte: Da Assessoria

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