Doença que causa cegueira atinge 30% dos prematuros
É o que mostra uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com 4.000 bebês prematuros atendidos no Hospital São Paulo, que apontou uma incidência de 30% da retinopatia da prematuridade, a segunda maior causa de cegueira infantil, perdendo apenas para as infecções.
Nos prematuros, os vasos sangüíneos da retina --parte do sistema nervoso central-- são muito imaturos. Fora do útero materno, começam a se desenvolver de maneira anormal causando hemorragias e descolamento da retina, que leva à cegueira.
No Brasil, os médicos têm detectado um aumento da doença --ainda sem números conclusivos-- em razão do maior índice de sobrevivência de prematuros nas UTIs neonatais. Embora na maioria dos casos a doença não evolua para a cegueira, é fundamental que o bebê faça o exame de fundo de olho no primeiro mês de vida.
Porém, a falha de encaminhamento precoce pelos pediatras e a falta de preparo de muitos oftalmologistas para fazer o diagnóstico e o tratamento corretos têm sido responsáveis pela grande quantidade de crianças cegas no país em razão dessa doença, segundo a médica Nilva Moraes, que elaborou a pesquisa e coordena o ambulatório da retina do Instituto da Visão, ligado à Unifesp.
Diagnóstico precoce
Dos bebês que têm retinopatia, 5% acabam ficando cegos. Com diagnóstico e tratamento precoces, somente 0,5% dos bebês sofrem as seqüelas da doença. A partir do segundo mês, a chance de deslocamento total da retina sobe para 15%. "Quanto mais prematuros, maior é a chance de ter a doença. E quanto mais tarde for feito o diagnóstico, maior o risco de ficar cego." Em mais de 80% dos casos, a doença regride de forma espontânea.
Semanalmente, o ambulatório atende 40 bebês de todo o país, muitos ainda na incubadora. Pelo menos dois deles já chegam com deslocamento de retina, situação que pode levar à baixa visão ou à cegueira.
De acordo com Moraes, no ambulatório, a incidência da doença é de 60%. "É uma amostra viciada porque recebemos bebês vindos de todos os tipos de serviço, muitos com diagnóstico tardio", diz. Os bebês que são prematuros que necessitam de níveis altos de oxigênio e aqueles que tiveram infecções generalizadas (sepsis) têm maior risco de ter a doença.
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