Hugo Chávez muda agenda e visita a Síria nesta quarta-feira
Chávez, considerado na Síria e em grande parte do mundo muçulmano um defensor das "legítimas causas árabes", deve chegar nas próximas horas a Damasco procedente da Malásia.
Antes de partir de Kuala Lumpur, o presidente venezuelano não quis dar detalhes sobre sua viagem a Damasco, se limitando a dizer que haverá "um evento muito importante" no país.
Em declarações à Efe, fontes diplomáticas da Síria afirmaram que é provável que a reunião entre os dois líderes seja centrada nas conseqüências da guerra no Líbano e na coordenação de posturas para fazer frente às pressões do Governo dos Estados Unidos aos seus respectivos países.
Além disso, consideraram que a Venezuela, quarto produtor de petróleo do mundo, pode ajudar Damasco a enfrentar as tentativas de Washington de isolar a Síria, que figura na lista de países que patrocinam o terrorismo internacional, elaborada pelos EUA.
A viagem de Chávez à Síria é "mais um gesto simbólico de apoio do que uma visita de trabalho" e faz parte de uma estratégia de Caracas para se aproximar de países que se opõem à política do Governo do presidente americano, George W. Bush, acrescentaram as fontes diplomáticas.
A agência oficial de notícias síria "Sanaa" elogiou o fato de que, para Chávez, "os interesses nacionais são prioritários no tratamento com os Estados Unidos, país que tenta influenciar na decisão da Venezuela, especialmente no âmbito petroleiro".
O nome de Chávez e da Venezuela tem aparecido com freqüência nas últimas semanas em vários artigos publicados em todo o mundo árabe, e também na Síria, especialmente após a decisão de Caracas de retirar seu representante em Israel.
Chávez qualificou de "genocídio" a ofensiva militar israelense contra o Líbano, que causou mais de 1.300 mortes e deixou quatro mil feridos, além de danos materiais avaliados em bilhões de dólares.
"A visita pode ser considerada como um passo na aproximação da Venezuela em direção à Síria e ao Irã, e contra as políticas hegemônicas dos Estados Unidos", disse à Efe um diplomata que pediu para não ser identificado.
A Síria é considerada a principal aliada árabe do Irã, país que Chávez visitou várias vezes nos últimos anos, e as duas nações são vistas como os maiores patrocinadores da milícia xiita libanesa Hisbolá, assim como das facções palestinas que lutam contra Israel.
Para Damasco e Teerã, estas organizações são grupos de "resistência legítima" contra a ocupação israelense dos territórios árabes.
Síria e Venezuela estabeleceram relações diplomáticas em 1958, e, apesar do fato de este último país possuir uma grande colônia síria, as relações econômicas e comerciais bilaterais deixam a desejar, segundo a embaixadora venezuelana em Damasco, Dia Nader De El Andari.
"O volume das relações econômicas é muito baixo e não chega ao nível das relações políticas", disse a diplomata em recente entrevista ao jornal sírio "Al-Baath".
De El Andari lamentou que a Embaixada venezuelana em Damasco não tenha "atividades econômicas, comerciais ou culturais", e afirmou que os dois países trabalham atualmente para aumentar as relações de cooperação em vários âmbitos, sobretudo em temas culturais e sociais.
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