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Internacional
Terça - 29 de Agosto de 2006 às 07:05

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, voou nesta terça-feira para a região devastada do sul do Líbano, onde são esperados cerca de 15.000 soldados de manutenção de paz da entidade para reforçar a trégua de 16 dias entre Israel e os guerrilheiros do Hizbollah.

No segundo dia de viagem ao Oriente Médio, Annan visitou uma base da atual força de paz da ONU (Unifil), que tem 2.000 homens, em Naqoura. Ele colocou flores em homenagem aos cinco membros da Unifil mortos durante os 34 dias de guerra.

Annan também deverá ir a regiões atingidas por ataques aéreos e artilharia israelenses, ante de viajar a Israel, para tentar garantir o cessar-fogo determinado pelo Conselho de Segurança da ONU.

"Sem a implementação completa da resolução 1701, temo que o risco de renovação das hostilidades seja maior", disse ele, depois de uma série de encontros com líderes e políticos libaneses, incluindo membros e aliados do Hizbollah, em Beirute, na segunda-feira.

A guerra matou quase 1.200 pessoas no Líbano, principalmente civis, e 157 em Israel.

Annan disse que vai pedir para Israel levantar imediatamente seu bloqueio aéreo e naval sobre o Líbano, que foi imposto há quase sete semanas. Israel insiste que manterá as restrições até que o embargo de armas ao Hizbollah seja colocado em prática.

Annan encontrou-se com o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, e com os ministros da Defesa e do Interior na manhã de segunda-feira, junto com o comandante da Unifil, o major-general Alain Pellegrini, para debater medidas que o governo tomou para reforçar a segurança na fronteira.

Ele disse antes que pedirá para a Síria policiar sua fronteira com o Líbano para evitar o suprimento de armas ao Hizbollah.

Em entrevista coletiva em Beirute, Annan exortou o Hizbollah a libertar os dois soldados israelenses que capturou em ataque através da fronteira em 12 de julho, episódio que provocou o conflito. O Hizbollah quer trocar os dois soldados por prisioneiros libaneses que estão em penitenciárias israelenses através de negociações indiretas.

Annan deverá ir ainda à Síria e ao Irã, principais aliados do Hizbollah, ainda nesta semana.

ZONA DE SEGURANÇA

A ONU espera criar uma zona de segurança no sul do Líbano sem a presença de forças do Hizbollah e de Israel, policiada por até 15.000 soldados de tropas internacionais e por um número similar de tropas libanesas.

A Itália, que concordou em mandar até 3.000 soldados, disse a autoridades da ONU na segunda-feira que enviará inicialmente 2.496 homens, e que os primeiros chegariam entre 48 e 72 horas. O primeiro contingente de 800 homens partiu na terça-feira, em missão que Roma advertiu que será "longa e arriscada".

O porta-aviões Garibaldi, o principal da frota italiana, reuniu-se a outros navios na costa em frente ao porto de Brindisi, no Mediterrâneo, para o início oficial da força.

Ekmeleddin Ihsanoglu, chefe da Organização da Conferência Islâmica, disse que países muçulmanos podem enviar até 7.000 soldados. Entre os potenciais contribuintes estão Indonésia, Malásia e Bangladesh, apesar de Israel ter rejeitado a participação por não ter relações diplomáticas com estes países. O Líbano afirma que isso é irrelevante, porque suas tropas vão estar em território libanês, e não israelense.

A Indonésia, país muçulmano mais populoso do mundo, ofereceu 1.000 soldados, incluindo uma companhia de engenheiros.

"Sobre a posição israelense, a ONU deveria adotar medidas para convencer Israel a ser racional em relação à contribuição de tropas de paz da Indonésia. Vamos esperar pela ONU, mas estamos prontos a ir", disse o ministro da Segurança da Indonésia, Widodo Adi Sutjipto.

Annan chegará a Israel um dia depois de o primeiro-ministro Ehud Olmert anunciar uma investigação sobre a guerra no Líbano.

Olmert, criticado pela maneira como conduziu a guerra, rejeitou a idéia de uma investigação independente maior, que poderia levar a renúncias em alto nível no governo e entre militares.

A trégua na fronteira norte de Israel vem sendo mantida em grande parte, mas a violência continua nos territórios palestinos.

Tropas israelenses mataram dois homens armados palestinos das Brigadas de Mártires de Al Aqsa, braço armado da facção Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, durante conflito no campo de refugiados de Balata, na Cisjordânia ocupada, disseram testemunhas. Poucas horas depois, um míssil israelense atingiu um grupo de palestinos armados na Cidade de Gaza, ferindo pelo menos oito pessoas, incluindo quem passava pelo local, disseram médicos e testemunhas.

Mais de 190 palestinos, sendo mais da metade civis, foram mortos desde que Israel lançou uma ofensiva em junho para libertar um soldado capturado por militantes de Gaza.





Fonte: Reuters

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