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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 28 de Agosto de 2006 às 08:18

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Natascha Kampusch, a jovem austríaca que ficou seqüestrada por oito anos em um porão nos arredores de Viena, negou hoje por meio de seu psiquiatra que o raptor Wolfgang Priklopil tenha sido seu "senhor".

"Não foi meu senhor, embora tenha querido sê-lo. Eu era tão forte quanto ele. Falando simbolicamente, carregava-me no colo e ao mesmo tempo me pisoteava", afirma a jovem em uma carta lida hoje pelo psiquiatra Max Friedrich em entrevista coletiva em Viena.

Após sua fuga, na quarta-feira passada, e o posterior suicídio de seu seqüestrador, Natascha, de 18 anos, diz que "não há motivo para estar de luto" e acrescenta: "A meu ver, sua morte não foi necessária".

"Foi parte da minha vida e por isso sinto em certo sentido", explica a jovem, após dizer que está ciente de que não teve uma infância e uma adolescência normais, mas também não tem a sensação de ter perdido algo.

A jovem também comenta que ela mesma decidirá quando falará com a imprensa e pede à opinião pública tempo para poder contar sua história, algo que disse querer fazer.

"Estou muito consciente do forte impacto que vocês tiveram nos últimos dias", diz Natascha.

Na carta, onde apela aos meios de comunicação a ter paciência, Natascha afirma que não dará detalhes de sua vida íntima com o seqüestrador. Nas palavras lidas por Friedrich, que obteve autorização para dirigir-se à imprensa em nome da menina, a jovem demonstra compreensão devido "ao choque e ao medo" que seus oito anos de cativeiro despertam na opinião pública. Natascha diz que entende que tudo isso desperte "certa curiosidade", mas alerta que vigiará o que for publicado a seu respeito.

"Todos querem fazer perguntas íntimas, mas ninguém tem este direito", afirma Natascha, acrescentando que, talvez, um dia fale dessas intimidades com uma terapeuta ou, talvez, nunca fale com ninguém.

Na carta revela que compartilhou uma vida cotidiana com seu seqüestrador no sentido de que tomavam café, cozinhavam, faziam a limpeza da casa, viam televisão e liam juntos.

Também relata que o pequeno recinto debaixo de uma garagem onde viveu na casa de Proklopil estava suficientemente equipado, e que seu raptor o arrumou junto com ela.

Segundo o promotor Hans-Peter Kronawetter, foram abertas duas investigações: uma contra o seqüestrador, apesar de o processo ter sido formalmente suspenso após seu suicídio, e outra "contra desconhecidos", baseada em um testemunho que aponta para a existência de um cúmplice no momento do seqüestro, em março de 1988.

Uma colega de Natascha teria visto dois homens no momento do rapto, um que a abordou e a colocou em uma caminhonete branca, e outro que estava ao volante. No entanto, as declarações de Natascha não indicam o envolvimento de uma segunda pessoa, de acordo com fontes policiais.

O caso de Natascha parece ter comovido não apenas a república alpina, mas também toda a Europa. Jornalistas de vários países europeus chegaram à capital austríaca para acompanhar o caso.

No fim de semana, foi revelado que a mídia tenta conseguir uma entrevista exclusiva. Para isso, dezenas de milhares de euros estão sendo oferecidos à família.





Fonte: EFE

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