Médico ignora gestante em trabalho de parto no RJ

A jovem Cristiane Ferreira, 20 anos, acusa um cardiologista de ignorar seu pedido de socorro quando estava em trabalho de parto nas escadas da maternidade do hospital Rocha Faria, em Campo Grande, capital fluminense. De acordo com a reportagem de O Dia, o médico ouviu os apelos da gestante, sentada na escadaria do hospital, mas olhou para o lado oposto e seguiu seu caminho.

As cenas foram flagradas com exclusividade pela reportagem, que acompanhava no momento o drama de outra grávida, Vanessa de Araújo Barbosa, 26 anos. Ela fora recusada no Rocha Faria por duas vezes, sob a alegação de que o aparelho de ultra-sonografia estava quebrado, e acabou passando mal na 35ª DP (Campo Grande), quando registrava queixa. O drama foi mostrado domingo por O Dia.

No caso de Cristiane, a via-crúcis começou às 9h de sábado, quando passou mal em casa, e terminou às 13h05, quando o bebê nasceu. Socorrida por amigo do marido que a levou de carro ao hospital, ela tentou insistentemente ser atendida. Para isso, subiu a escada até o primeiro andar, onde fica a sala de parto. "Subi três vezes, mas me mandavam voltar para baixo. Da quarta vez foi que a moça que preenche fichas ajudou. Subi e foi o tempo de tirar a roupa, e minha filha nasceu", contou.

Camille nasceu com 3,475 kg e 47 cm. Após o sofrimento, Cristine contou que nem chegou a ver o médico que a ignorou. O pai do bebê, o barbeiro Adriano Santos, 26, estava no hospital, mas não presenciou a cena. Ficou indignado ao ver as imagens.

"E se fosse a mãe dele na escada? Ele é cardiologista, mas não deixa de ser médico. Pensa que por sermos pobres não temos conhecimento?¿. Por meio da assessoria do governo estadual, o diretor do Rocha Faria, Alberto Leite, disse ter tomado conhecimento dos fatos pela imprensa e declarou já estar apurando o caso. Pelas informações preliminares, afirmou que as gestantes em trabalho de parto deveriam ter sido atendidas e disse que o aparelho de ultra-sonografia está, sim, funcionando.