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Internacional
Domingo - 27 de Agosto de 2006 às 18:01

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As autoridades e a sociedade palestinas continuam preocupadas com o longo seqüestro de dois jornalistas da rede de televisão americana "Fox" concluído hoje, pois temem que o caso faça com que a imprensa internacional deixe de visitar Gaza e de revelar a miséria em que seus habitantes vivem.

Os próprios seqüestrados, Steve Centanni, jornalista americano de 60 anos, e Olaf Wiig, cinegrafista neozelandês de 36, apelaram a seus colegas, logo após serem postos em liberdade, para que não deixassem de contar a realidade dos territórios palestinos.

"Preocupa que, devido ao fim de nosso seqüestro, os jornalistas estrangeiros deixem de vir a Gaza, porque assim a história deles não será publicada mundo afora", disse Wiig, dirigindo-se aos palestinos em suas primeiras palavras após a libertação.

"Seria uma tragédia caso isso ocorresse. Vocês precisam de nós nas ruas, precisam que continuemos vindo", acrescentou Centanni.

As palavras dos seqüestrados são um eco do que tem sido possível ouvir em Gaza durante os dias do seqüestro, o mais longo registrado na cidade (13 dias) e que seguiu um rumo diferente do habitual na região, onde, quando um estrangeiro é capturado, costuma ser libertado em poucas horas.

Por isso, políticos e organizações de jornalistas e humanitárias pediram a libertação dos repórteres e ressaltaram que este tipo de ação vai contra os interesses palestinos e à tradição do território.

O primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, do movimento islamita Hamas, comentou, poucas horas antes de os reféns terem sido libertados, que esperava que a crise fosse resolvida "sem danos para a causa palestina" e de uma maneira que "refletisse o respeito dos palestinos por seus hóspedes".

Depois do desenlace, o chefe da Polícia de Gaza, Alla Hosni, lamentou que "este seqüestro tenha sido prejudicial para a imagem da cidade na comunidade internacional e tenha passado a imagem que Israel sempre tenta vender ao mundo: a de que os palestinos são terroristas".

Por isso, Hosni acrescentou que seus agentes, assim como "todos os palestinos", atuarão para que um algo assim não volte a ocorrer.

Abu Ar Rob, deputado do movimento nacionalista Fatah, disse no sábado que "o seqüestro de jornalistas vai contra o consenso nacional (...) e só serve aos interesses da ocupação israelense, ao distorcer a imagem da luta palestina".

O legislador do Fatah foi um dos dirigentes que insinuaram que os seqüestradores, pertencentes a um grupo até agora desconhecido chamado "Brigadas da Sagrada Jihad", poderiam não pertencer aos territórios palestinos.

Haniyeh, que recebeu os colaboradores da Fox após a libertação destes, disse aos jornalistas que os seqüestradores não eram ligados à Al Qaeda. Acrescentou que "o sofrimento do povo palestino provoca reações e o mundo deveria ajudar a acabar com essa dor".

O primeiro-ministro expressou aos jornalistas seu pesar pelo ocorrido e desejou que retornassem sãos e salvos a suas casas. Pouco depois, os repórteres partiram de Gaza rumo a Israel.

Ambos tinham sido seqüestrados em 14 de agosto, quando o cessar-fogo no Líbano tinha acabado de entrar em vigor.

Fazia um mês que a maioria da imprensa internacional - que tinha ido para Gaza quando a captura de um soldado israelense culminou na chamada operação "Chuva de verão" contra a Faixa - tinha deixado a região devido à eclosão de outra guerra no Líbano.

Mas os jornalistas da Fox decidiram voltar para cobrir a grave crise que reina em Gaza desde a chegada do Hamas ao poder e a suspensão das ajudas internacionais. Segundo o chefe da Polícia de Gaza, os reféns foram libertados hoje "porque os seqüestradores sentiram que estávamos a ponto de prendê-los". Horas antes de sua libertação, tinha sido emitido um vídeo no qual Centanni e Wiig, que apareciam sentados no chão e vestidos com roupa árabe tradicional, anunciavam que tinham se convertido ao Islã. Centanni explicou depois, na Fox, que tinham feito a promessa sob a mira de uma pistola.





Fonte: EFE

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