Cruz Vermelha retira estrangeiros e leva ajuda ao Sri Lanka
A violência iniciada no final de julho em Jaffna, quando começaram os graves confrontos entre as forças governamentais e a guerrilha dos Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE), voltou a recridescer hoje.
Segundo o Exército cingalês, seis de seus soldados morreram hoje em conseqüência de uma bomba supostamente colocada pelo LTTE na área de Muhamalai, na península de Jaffna, cujo controle é disputado pelo Governo e pela guerrilha.
Nas últimas duas semanas ocorreram duros combates em Jaffna entre as forças governamentais e os rebeldes tâmeis. Centenas de pessoas morreram, houve deslocamentos em massa e 500 estrangeiros ficaram incomunicáveis - 150 dos quais seriam resgatados hoje por mar. Esses estrangeiros são trabalhadores de organizações humanitárias e também cingaleses com passaportes estrangeiros. Eles eram transferidos em pequenos botes até uma barca da Cruz Vermelha que deveria deixar Jaffna ainda hoje com destino a Trimcomalee, aonde chegarão amanhã.
No momento, a única forma de chegar à península de Jaffna é por mar. As estradas estão bloqueadas e a base aérea de Palaly não funciona. Sua população, de cerca de meio milhão de pessoas, já sofre com problemas de escassez.
O problema de abastecimento será resolvido, em parte, pela entrega de 1,5 mil toneladas de remédios e alimentos, como lentilha, açúcar e farinha. A provisão se deve à recente chegada de um navio com ajuda humanitária fretado pela Cruz Vermelha Internacional.
Desde fevereiro de 2002, está em vigor no Sri Lanka uma trégua entre o Governo e a guerrilha tâmil. Há meses, entretanto, a ilha é atingida por uma guerra não-declarada nos territórios do norte e do leste, controlados pelos tigres tâmeis. Mais de 60 mil pessoas morreram na ilha por causa de duas décadas de guerra, iniciadas devido às causas independentistas da minoria tâmil que, embora seja majoritária nessas regiões, constitui apenas 20% da população total do país.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), o número de deslocados no Sri Lanka desde abril já supera as 200 mil pessoas. Desde o início do ano, quase 9 mil se refugiaram no sul da Índia, onde há uma grande população tâmil.
A situação piorou claramente nos últimos meses. Nos próximos dias, os monitores nórdicos do processo de paz deixarão a ilha a pedido do LTTE. Um dos motivos seria o fato de a União Européia ter incluído esse grupo na lista das organizações terroristas.
Em uma decisão pouco comum, os tigres tâmeis anunciaram hoje a libertação de um policial que tinha sido seqüestrado há dez meses, atendendo a um pedido do representante sueco da equipe de observadores nórdicos, Ulf Henricsson.
Henricsson, que abandonará o Sri Lanka, fez o pedido ontem durante uma reunião com o representante da ala política do LTTE, SP Thamilselvan, que atendeu a suas reivindicações.
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