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Sábado - 26 de Agosto de 2006 às 11:23

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O "plagiato" já virou lugar-comum na tevê brasileira. Atualmente é trivial ligar qualquer canal da tevê aberta e se deparar com genéricos de programas das tevês por assinatura. Desde os antiquados quadros como o Roletrando, do SBT - "inspirado" no americano Wheel of Fortune - ou até mesmo o recente Dança com Famosos, da Globo, "clonado" de Dancing With The Stars, da BBC, parece que o país vive num surto de falta de criatividade.

O mesmo acontece com o recém-lançado Dança no Gelo, quadro do Domingão do Faustão, que copiou o Skating With Celebrities, do canal por assinatura Fox. Na produção, seis atores ou personalidades passam a semana ensaiando com professores de patinação no gelo suas coreografias sobre uma pista de 208 m², construída num estúdio no Projac.

A apresentação da competição, sempre aos domingos, é analisada por dois júris: um "artístico" e outro técnico, que mudam a cada programa. O último foi formado pelo ator Antônio Calloni, pelo jornalista Renato Machado e pela modelo Daniela Sarahyba. Ou seja, leigos sobre o assunto. Já o segundo júri, o técnico, era formado por especialistas em patinação no gelo.

O mais bizarro no "julgamento" dos júris é que o "artístico" e o técnico quase sempre discordam no placar, fato que deixa claro que o critério de avaliação é um tanto duvidoso. Fica difícil acreditar na análise da melhor dupla a partir do momento em que uma modelo dá nota nove a um concorrente, enquanto o jurado Eduardo Garcia, por exemplo, que também participou do americano Skating With Celebrities, garante que a dupla teve um desempenho nota 10.

Mas como se trata de um quadro do programa do Faustão, que costuma classificar qualquer passante de "pessoa incrível", "paradigma de dignidade e competência", acreditar numa imparcialidade nesse programa seria como chover na pista molhada.

O mais impressionante é perceber a impávida fisionomia dos participantes Deborah Secco, Juliana Paes, Susana Vieira, Giovane, Murilo Rosa e Marcos Frota - que foi desclassificado no último domingo. O discurso cansativo de superação dos atores - com exceção do atleta do vôlei Giovane - é lamentável.

Tentam, a todo momento, camuflar o óbvio motivo de suas participações na produção: aparecer num quadro que está com a satisfatória audiência de 27 de média, com 45% de participação. Afinal, a vitrine do programa é um chamariz para campanhas publicitárias ou convites para eventos rentáveis, por exemplo.

Apesar de muitos percalços, vale a pena conferir o bem-cuidado e esvoaçante figurino de Beth Poletto e a cenografia de Larissa Marreco Weigert. O mais divertido da produção, porém, é analisar o desempenho dos participantes. Juliana Paes parece ser íntima das pistas de patinação e continua liderando o programa, seguida por Deborah Secco. Já Giovane, que mede 1,95 m de altura, passa dos 2,10 m de altura sobre os patins e não consegue disfarçar a falta de jeito.

Susana Vieira, que é a mais desengonçada e mal consegue se equilibrar sobre a lâmina, tem sido alvo do favoritismo do júri. Em um dos programas, Susana foi defendida por Renato Machado num discurso constrangedor, que chegou a alegar que as dificuldades da atriz seriam por ela estar na terceira idade. A cara que a atriz fazia quando ouviu a expressão "terceira idade" foi impagável, um dos pontos altos da produção.

Independentemente dos vencedores e da banca examinadora, ao que se assiste é um típico plágio das glamourosas festas americanas, com direito a muitos brilhos, holofotes e plumas. Uma espécie de homenagem ao estilo de vida americano, que muitas vezes beira o piegas ao perceber a exaltação da tevê brasileira com qualquer tipo de enlatado. A produção exemplifica nitidamente que o telespectador da tevê aberta está realmente numa fria.





Fonte: Terra

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