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Sábado - 26 de Agosto de 2006 às 10:26

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Matilde Mastrangi só consentiu com a exibição depois de aprovar a versão final. David Cardoso se emocionou ao falar sobre censura. José Mojica Marins, o Zé do Caixão, contou que rodou um filme de zoofilia para financiar um projeto ainda hoje não-concluído. Já Vera Fischer simplesmente ignorou os pedidos de entrevista.

Os relatos desse time heterogêneo --que reúne ainda atores como Carlo Mossy e diretores como Cláudio Cunha-- serviram de base para a série "Foi Bom pra Você, Benzinho?". O programa, que estréia à 1h30 de hoje no Canal Brasil, analisa a transição da pornochanchada para os filmes de sexo explícito, entre o início dos anos 70 e o fim dos 80.

A apresentadora Simone Zuccolotto, 32, que também assina roteiro e direção, diz que a idéia surgiu após a exibição de "Oh! Rebuceteio", único título de sexo explícito que o canal tem no acervo. "Foi uma comoção. As pessoas pediram para reprisar. Decidi então começar uma pesquisa sobre o gênero."

Um ano de cinefilia, garimpagem acadêmica e entrevistas resultou na constatação de que há impressões muito díspares sobre o período, "por esquecimento voluntário ou não". Orçamento e bilheteria das produções são pontos de atrito. "Quem não mamava nas tetas da Embrafilme (que financiava fitas e contabilizava arrecadações) se ressente", diz Zuccolotto.

O rol dos entrevistados acometidos por "esquecimento voluntário ou não" inclui atores e atrizes que deram vida a personagens com pouca roupa e invejável apetite sexual? "A maioria se sente estigmatizada. Eles não se arrependem, mas tampouco sentem saudades", afirma a apresentadora.

Em termos artísticos, ela acredita que a pornochanchada tenha legado pouco ao cinema brasileiro. "Mas foi o único momento em que se chegou perto de criar uma indústria de cinema nacional", diz Zuccolotto.





Fonte: Folha de S. Paulo

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