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Internacional
Sexta - 25 de Agosto de 2006 às 18:00

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O partido de oposição União Cívica Radical (UCR), social-democrata, a segunda força eleitoral da Argentina, acusará o presidente Néstor Kirchner de "ser um déspota", na Convenção Nacional que começou nesta sexta-feira e que aprofundou a divisão com os ''Radicais K'', aliados do governo peronista.

O encontro partidário, que terminará no sábado na cidade de Rosário (310 km ao norte), foi convocado para definir uma estratégia para as eleições presidenciais de 2007, nas quais a UCR tentará recuperar o protagonismo perdido nas duas últimas décadas.

"Vamos para a aprovação orgânica de um documento que nos colocará claramente como oposição e alternativa ao governo em 2007", antecipou o ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-89), um dos dirigentes históricos do partido.

A Convenção, máximo órgão partidário, emitirá um documento no qual chama Kirchner de "déspota eleito", segundo o texto que as autoridades do radicalismo divulgaram antecipadamente.

A maioria dos ''Radicais K'', que ganharam esse apelido por sua proximidade ao chefe de Estado, não compareceu à reunião.

Os ''Radicais K'' estão à frente de cinco das seis províncias governadas pela UCR e têm cerca de 180 das 450 prefeituras administradas pelo partido em todo o país, o que os fortalece apesar de serem minoria na Convenção.

A maioria desistiu de participar da Convenção ao se considerar traída pelo conteúdo do documento, que não "dá margem para debate" e que "contém ofensas ao cargo presidencial", lamentou o governador da província de Rio Negro (sul), Miguel Saiz.

"A direção (partidária) nos enganou", disse Saiz.

Um dos ausentes é Julio Cobos, governador de Mendoza (oeste), a quinta província do país em quantidade de habitantes. Cobos é candidato a vice de Kirchner numa chapa presidencial para a eleição do ano que vem.

Saiz assegurou que seu grupo estava disposto a fazer um debate para analisar a conveniência de "aceitar a concertação plural" pedida por Kirchner.

O governador de Rio Negro defendeu Kirchner, dizendo que ele "arranjou muitas das coisas que nós fizemos mal", em alusão ao último governo liderado pela UCR (1999-2001) e que terminou na pior crise econômica e social da Argentina.

Alfonsín, um dos que tentaram aproximar as posições divergentes, minimizou a crise partidária.

"Não haverá ruptura. Teremos umas baixas, nada mais", disse o ex-presidente, que apóia a candidatura presidencial do ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, considerado um dos responsáveis pela recuperação econômica do país, depois da crise de 2002.

Roberto Iglesias, líder do grupo anti-alfonsinista que lidera a cúpula da UCR, considerou "lamentável" a ausência dos governadores radicais, sustentando que "não há nada fechado, isto foi uma desculpa".

"Ninguém pode esconder que em nosso partido há duas posições contrárias e importantes: uma oficialista e outra de oposição", insistiu Iglesias.

Depois de obter apenas 3% dos votos nas eleições presidenciais de 2003, que consagraram Kirchner, a UCR escapou do naufrágio nas eleições legislativas de 2005, quando ficou em segundo lugar, com quase 15% dos votos, atrás do kirchnerista Frente para a Vitória (FV, peronistas e aliados), que conseguiram 42% dos votos.

A UCR teve várias divisões históricas desde sua fundação, sendo que a mais recente ocorreu em 2002, com a dissidência da ala social-cristã liderada pela deputada Elisa Carrió e da ala de direita coordenada pelo economista liberal Ricardo López Murphy, pré-candidatos a presidente em 2007.





Fonte: EFE

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