Estudo usa dados da Era Glacial para prever aquecimento global
Os pesquisadores fizeram uma comparação inovadora das previsões realizadas com computador sobre os gases que aprisionam o calor na atmosfera, atribuídos principalmente à queima de combustíveis fósseis, com núcleos de gelo e sedimentos marinhos do fim da Era do Gelo, que terminou há 10 mil anos.
"A duplicação das concentrações de dióxido de carbono faria com que a temperatura global aumentasse cerca de 3 graus Celsius", disse Thomas Schneider, do Instituto para Pesquisa sobre Impacto Climático de Potsdam, que liderou o estudo.
As conclusões sustentam outras previsões do instituto sobre os efeitos do acúmulo do dióxido de carbono emitido por usinas termelétricas, carros e fábricas. Há quem afirme que esses modelos não passam de exageros.
As temperaturas já subiram em média 0,6 grau Celsius desde o período anterior à Revolução Industrial, no século 18. Muitos cientistas prevêem que a elevação na temperatura causará ondas de calor, estiagens, inundações e o aumento do nível do mar.
As concentrações de gases-estufa devem dobrar, em relação aos níveis pré-industriais, neste século, a menos que o mundo reduza drasticamente seu uso de energia e recorra à energia "limpa" — solar ou eólica.
Os cientistas usaram mil versões de modelos climáticos, cada uma com hipóteses diferentes sobre o comportamento das nuvens, das correntes marítimas e de outros fatores.
Eles compararam então a probabilidade dos cenários com as alterações climáticas da Era Glacial — dióxido de carbono aprisionado em bolhas de ar no gelo e a composição química de sedimentos marítimos, que dão informações sobre as temperaturas.
Schneider disse que o estudo, publicado na revista Climate Dynamics, indica que, se os níveis do dióxido de carbono dobrarem, o aumento da temperatura ficará entre 1,2 e 4,3 graus Celsius.
Ele afirmou que, de acordo com a pesquisa, é improvável que as temperaturas subam seis ou sete graus, como indicaram alguns estudos.
A União Européia quer limitar o aquecimento global ao máximo de 2 graus Celsius, um limite que já provoca alterações climáticas "perigosas", segundo o bloco.
Os níveis de dióxido de carbono eram bem menores no fim da Era Glacial que no século 18. Hoje, as concentrações estão em seu nível mais alto dos últimos 650 mil anos.
O painel científico que assessora a Organização das Nações Unidas (ONU) já previu que as temperaturas podem subir entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até 2100. A pesquisa do Instituto de Potsdam projetou o impacto da duplicação dos níveis de dióxido de carbono, sem determinar datas.
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