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Internacional
Sexta - 25 de Agosto de 2006 às 08:35

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A Justiça chinesa considerou infundadas as acusações de que um pesquisador chinês contratado pelo jornal norte-americano The New York Times havia deixado vazar segredos de Estado, mas condenou-o a três anos de prisão por fraude. A sentença põe fim a semanas de debate em torno dos direitos civis na China.

Zhao Yan, de 44 anos, foi acusado de repassar ao jornal norte-americano detalhes sobre as desavenças entre o presidente chinês, Hu Jintao, e o antecessor dele, Jiang Zemin, devido à nomeação de oficiais das Forças Armadas em 2004. O diário publicou em setembro daquele ano que Jiang se aposentaria, provavelmente, como chefe das Forças Armadas chinesas, entregando o último cargo que ainda ocupava para Hu — uma previsão que se realizou.

Mas na sexta-feira, em uma reviravolta inesperada, uma corte de Pequim afirmou não haver "provas suficientes" para a acusação de divulgar segredos de Estado. O processo fez de Zhao um dos focos dos grupos de defesa dos direitos humanos que atuam na China.

"Queríamos que Zhao Yan fosse inocentado, mas fiquei surpreso. Ele também parecia surpreso", afirmou Guan Anping, advogado de defesa do acusado.

A Justiça, no entanto, condenou Zhao por fraude, afirmando que, em 2001, ele aceitou 20 mil iuans (2.500 dólares) da autoridade de um vilarejo com a promessa não cumprida de ajudá-la a evitar uma sentença de "reeducação pelo trabalho" — um tipo de pena de prisão.

Se Zhao tivesse sido condenado por deixar vazar segredos de Estado, sua pena de prisão, a ser cumprida em um estabelecimento de segurança máxima, seria de dez anos ou mais, afirmou Guan.

"O caso entrará para a história como um raro exemplo de uma corte (chinesa) tendo a permissão de ou sendo instruída a inocentar alguém acusado de um crime tão sério", disse à Reuters, por meio de um email, Jerome Cohen, um norte-americano especializado nas leis chinesas e que aconselhou o New York Times no caso.

Os advogados de Zhao afirmaram ter dez dias para decidir se vão ou não apelar da condenação. Como Zhao já passou dois anos na prisão, a condenação de agora o manteria atrás das grades até setembro de 2007.

Zhao alegava inocência na acusação de fraude e iria, provavelmente, apelar da condenação, disse Zhao Kun, irmã do réu. "Ele sempre se preocupou em defender as pessoas comuns. Como ele poderia pegar o dinheiro delas?", perguntou.

O ex-policial Zhao Yan ingressou em 2004 no escritório do New York Times em Pequim. Antes, ele havia trabalhado como repórter investigativo para publicações chinesas, misturando matérias de defesa dos direitos civis com outras de denúncia sobre casos de corrupção e sobre a miséria na zona rural do país.





Fonte: Reuters

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