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Economia
Quarta - 23 de Agosto de 2006 às 13:07

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Qualidade era o que não faltava para o gado de corte do pecuarista José Francisco Figueiredo Micheloni, morador de Adamantina (SP), e com 5 mil animais nelores de cria, recria e engorda em Santa Rita do Pardo, região de Bataguaçu (MS). "Abato em média 1.500 cabeças por ano", conta ele. "Na hora de negociar o preço com o frigorífico, porém, por melhor que o gado fosse, eu não ganhava nada a mais pela carcaça", diz. "Eles pagavam o preço da arroba no dia e pronto, sem ágio nenhum."

Há cerca de três anos, tomou conhecimento de um grupo de pecuaristas que, unidos, fechavam contratos antecipados de venda e de fidelidade com um frigorífico e, pela qualidade e volume de bovinos ofertados, garantiam preços melhores. Aderiu ao grupo. "Agora, negociando em conjunto, consigo ágio de 3% a 5% a arroba, pela maior parte dos meus animais", diz, satisfeito, Micheloni, frisando, porém, que "o ágio é garantido porque o gado logicamente é bom".

Melhoramento

O grupo, chamado Conexão Delta G, congrega 14 empresas pecuaristas, que possuem 28 fazendas na Bahia, em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, e um rebanho de corte de 250 mil cabeças identificado e rastreado dentro das regras do Sisbov, desde o nascimento. A comercialização conjunta do gado é, na verdade, a ponta de um trabalho que começou principalmente para fomentar o melhoramento genético nas fazendas dos associados.

Os frutos desse melhoramento podem ser colhidos agora, com a venda de um bom volume de gado de alto nível, segundo o gerente-executivo da Delta G, Daniel Feijó Biluca. "A transparência também fica maior. Acertamos com os frigoríficos que o índice para pagamento é o do Cepea/Esalq/USP."

Atuar em grupo auxilia, também, na compra de insumos, como sal mineral e sementes para pasto e medicamentos, como vacina contra aftosa. "Temos um volume de compra de 20 mil sacos por mês de sal mineral", conta Biluca. "Fizemos parceria com uma empresa fabricante e conseguimos 5% de desconto, e, além disso, compramos sementes para pasto de apenas uma empresa e também obtemos vantagens." Essas vantagens, segundo Biluca, não se traduzem necessariamente em descontos na compra do produto. "No caso de vacina contra aftosa, por exemplo, podemos combinar com a empresa uma visita às propriedades para dar cursos gratuitos aos peões sobre a maneira correta de imunizar o gado."

Rendimento

Além do ágio obtido pelo gado de qualidade, outro pecuarista, Cesário Ramalho, que cria 2 mil cabeças de gado em Naviraí (MS), aponta outra vantagem na negociação em grupo: a possibilidade de pôr um especialista no frigorífico para acompanhar os abates e obter dados detalhados do rendimento dos lotes. "Se o frigorífico me diz quanto rendeu o meu gado, é um retorno muito útil", explica Ramalho. "Se há algum problema ficamos sabendo e tentamos melhorar e se o gado rendeu bem e dentro do esperado é sinal de que estamos no caminho certo." Outra vantagem de participar de um grupo como este, segundo Ramalho, é a possibilidade de trocar informações com os outros pecuaristas. "Ficamos mais atualizados."





Fonte: Agência Estado

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