Inquérito apura em SP se há ligação entre PT e PCC

A polícia de São Paulo abriu inquérito para investigar se existe ligação entre o Primeiro Comando da Capital e o PT, após flagrar, por meio de escuta telefônica, presos coordenando os ataques da facção iniciados em maio passado em São Paulo. Nas conversas, os detentos ordenam atentados contra agentes penitenciários e políticos, "qualquer um, menos do PT". Os diálogos mostram que, entre políticos, o alvo preferencial eram integrantes do PSDB - partido que, até abril, governava o Estado e a capital paulistas.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso às gravações, os presos Magrelo e Moringa debatem em diversos telefonemas sobre os ataques. Num deles, feito na noite de 12 de maio, quando começaram os atentados, eles conversam sobre quais deveriam ser os alvos. após receberem ordens de líderes do PCC:

"Prioridade: azul (agentes penitenciários). Acima do azul, políticos, qualquer um, menos do PT, entendeu, irmão?", afirma Magrelo em conversa com Moringa. Em outro trecho, Magrelo reforça que políticos do PSDB eram prioridade: "Civil, funcionários e diretores do partido PSDB".

O responsável por determinar a abertura de inquérito pelo chefe da Polícia Civil, Marco Antonio Desgualdo, foi Saulo de Castro Abreu Filho - atual secretário de Segurança de São Paulo, nomeado pelo ex-governador e candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. As gravações foram entregues inicialmente ao secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, que as repassou a Abreu Filho.

De acordo com o Ministério Público, Anderson de Jesus Parro, 29 anos, o Moringa, é hoje um dos principais chefes do PCC. Ele está preso no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, e está sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) - que mantém os presos em isolamento pela maior parte do tempo e é apontado como um dos principais motivos para os ataques da facção.