Recompra de dívida externa gera economia de US$ 9,3 bilhões
A estratégia do governo diminuiu em US$ 1,78 bilhão o fluxo de desembolsos com juros e em US$ 7,5 bilhões os pagamentos de principal (valor original da dívida) entre 2007 e 2010. Esse cálculo, porém, não inclui gastos com as emissões feitas na troca desses títulos nem o diferencial entre as taxas de juros internas e externas, o que reduz significativamente os ganhos do governo.
Até o final de junho, o Tesouro já havia retirado US$ 12,7 bilhões do mercado. A maior operação feita até agora foi a de recompra dos bradies, em abril. Esses papéis foram emitidos quando foi encerrada a renegociação do calote que o Brasil deu na dívida externa na década de 80.
Além disso, o governo anunciou que comprará todos os títulos com vencimento até 2010. Até junho, já haviam sido adquiridos US$ 4,4 bilhões. O Tesouro também fez recompra e troca de papéis que totalizaram US$ 1,8 bilhão. Somadas, essas operações devem chegar a US$ 20 bilhões no fim do ano.
O impacto dessa política sobre o endividamento externo não é desprezível. Em dezembro, o Tesouro Nacional devia US$ 75,8 bilhões aos credores internacionais. Em junho, o último dado disponível, o endividamento já havia caído para US$ 64,7 bilhões.
A redução na dívida externa tem sido apresentada pelo governo como uma das conquistas mais importantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área econômica. O ministro Guido Mantega (Fazenda) não se cansa de comemorar a redução da vulnerabilidade externa do país.
O discurso do governo é que, com a redução da dívida em dólar, o país será menos afetado por crises internacionais, já que não precisará atrair tanta moeda estrangeira para se financiar. Esse, porém, é apenas um lado na discussão.
Custo elevado
Sempre que o governo reduz a dívida externa, está, na verdade, aumentando o seu endividamento interno. É que, para comprar os dólares que precisa para pagar aos credores internacionais, o Tesouro tem que tomar dinheiro emprestado no mercado financeiro.
Os juros no Brasil, porém, são muito mais elevados do que a despesa que o governo tem com a dívida externa. Esse diferencial de taxas, para ter uma idéia, está hoje em cerca de sete pontos percentuais, o que gera um custo fiscal significativo.
O economista Guilherme Loureiro, da consultoria Tendências, acredita que ganhos indiretos como a redução do prêmio de risco, que barateia os empréstimos do governo e das empresas, e a melhora na percepção de risco do país compensam o custo fiscal.
"Há ganhos indiretos que são muito difíceis de mensurar, mas que não são desprezíveis", explica Loureiro.
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