Álcool tem menor preço em 1 ano na usina
Segundo pesquisa feita pelo Cepea, da Esalq-USP, o álcool hidratado foi vendido a R$ 0,7890 o litro, sem impostos, nesta semana --a menor cotação desde setembro de 2005. Já o anidro caiu para R$ 0,9246, sem impostos --o menor preço desde novembro de 2005. Só nesta semana, o hidratado teve queda de 7,3%, enquanto o anidro recuou 6,5%.
Essa redução de preços demora, no entanto, para chegar às bombas dos postos paulistanos. Pesquisa feita pela Folha semanalmente mostra que o preço do álcool --nos 44 postos pesquisados-- apresentou queda de apenas 1% nesta semana, ao passar para R$ 1,421 o litro.
Nas últimas quatro semanas, enquanto a queda nas usinas supera 10%, o consumidor ainda paga 0,1% a mais pelo combustível.
A tendência é de queda também para as próximas semanas, tanto nas usinas como nos postos.
Na opinião de Antônio Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), apesar de os postos serem rápidos nos repasses para as bombas, quando os preços sobem, eles demoram mais nos acertos de preços quando a tendência é de queda. Pádua acrescenta que os postos aproveitam a ocasião para repor as margens de lucro.
Segundo Dietmar Schupp, diretor do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), a velocidade de queda de preços do produtor sempre é maior do que para o consumidor, devido aos estoques. "As grandes distribuidoras têm estoques de álcool para uma faixa de dez dias. As próprias revendas têm estoques para cerca de cinco dias."
O consumidor deve começar a sentir a forte queda do preço na usina desta semana só daqui a duas semanas, quando a retração deve chegar aos postos de combustíveis, diz Schupp.
EUA O avanço do álcool como um substituto da gasolina, não apenas no Brasil mas também em outros grandes consumidores de petróleo, como nos Estados Unidos, dá sustentação aos preços do produto no mercado interno.
A disputa de álcool pelo aumento de demanda tanto do mercado interno como do externo deu sustentação aos preços. No mercado interno, de cada 100 carros produzidos em julho, 76 já eram bicombustíveis. Os EUA, um grande consumidor mundial de álcool combustível, elevaram a procura pelo produto após a proibição do uso do aditivo MTBE (metil-terciário-butil-éter).
Com isso, os preços do álcool subiram em plena safra no Brasil. Na entressafra, o litro de álcool hidratado chegou a R$ 1,24, mas recuou para até R$ 0,84 em maio. Voltou a subir com a entrada dos norte-americanos no mercado brasileiro, atingindo R$ 0,91 em julho. Há quatro semanas está em queda.
O aumento de preços a partir de maio, em plena safra, ocorreu devido à procura de álcool no Brasil pelos norte-americanos. Preocupados em usar o MTBE, aditivo proibido em vários Estados, os postos adotaram o álcool, que passou a ser vendido por até US$ 5 por galão (3,785 litros).
Com esses preços nos Estados Unidos, os norte-americanos pagavam até 20% a mais pelo álcool brasileiro do que as distribuidoras nacionais. Com isso, as exportações brasileiras de maio a agosto já somam 1,5 bilhão de litros. Na safra passada, foi vendido 1,9 bilhão de litros.
Aumento da oferta
O diretor técnico da Unica diz que a pressão nos preços passou. A oferta interna é maior com o avanço da safra no Brasil, e a entrada em funcionamento de novas unidades industriais nos Estados Unidos diminuiu a procura e os preços do produto por lá.
O ideal, para o mercado, é que não haja desequilíbrio de oferta e grandes flutuações de preços, diz Pádua. Se a queda de preço for forte, desestimula a produção, mas, se os preços subirem muito nas usinas, desestimulam o consumo.
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