Ator que vive gay em novela não quer especulações sobre beijo
"Sempre existirá quem não goste e discrimine, mas tenho certeza que a maioria vai gostar, aprovar e aplaudir. Estou preparado para tratar do assunto num excelente nível", garante o autor Manoel Carlos.
Fernando sabe pouco do personagem. "Ele se envolveria com o Leandro (Tato Gabus Mendes), que é casado com Diana (Louise Cardoso), seria um confronto", conta.
Maneco também é cauteloso. "É cedo para falar de beijo. Pode acontecer ou não, depende. Isso, se tiver, é para o ano que vem", admite o autor, que tratou da bissexualidade em Por Amor (1997) - Rafael (Odilon Wagner) trocou a mulher por outro homem no fim da novela. "Mas o bissexualismo ficou num segundo plano ali. Agora ele vem para o primeiro. Nada de escândalo. Vou mostrar a vida conjugal entre dois homens. Acho que vamos empolgar e emocionar o público com esse casal em que um nasceu para o outro".
Apesar de o tema não ter sido muito desenvolvido em "Por Amor", Odilon Wagner vivenciou a situação. "Esse assunto é sempre polêmico. Mas algumas senhoras chegavam para mim dizendo que tinham um primo que trocou a mulher por um homem. Todo mundo tem um caso desse na família", acredita Odilon.
O discurso de Maneco dá a entender que ele manterá sua idéia de envolver Rubens com um homem casado. "Não tenho ainda o personagem com que Rubinho vai se relacionar", informa. "O que aconteceu é que fizemos trocas no elenco. Trouxemos o Tato para o papel de Leandro, antes ocupado pelo Marcos Caruso. O Edson Celulari faria o personagem depois entregue ao Antônio Calloni. Essas trocas geraram confusão", diz.
Tanta confusão que Fernando só descobriu o nome do personagem ontem, apesar de já estar no ar. "Primeiro seria Otávio, depois Laerte, Camilo... Mas o Rubens Corrêa foi meu mentor e gosto desse nome", aprova o ator, que nos últimos anos priorizou trabalhos em cinema e teatro. "Tive que deixar de aceitar convites por causa da novela."
Agora, está 100 % voltado para Páginas da Vida. "Minha vida está à disposição da trama. Esse é o estímulo de fazer obra do Manoel Carlos, que trabalha com o ineditismo. Os capítulos chegam na véspera de gravar", conta Fernando.
O ator foi informado por O DIA sobre a trama do seu personagem na segunda fase da novela. "Rubinho terá vida conjugal normal com o parceiro. Moram juntos, convivem harmoniosamente com as famílias de ambos. Obviamente alguém terá preconceito, mas a tônica será tranqüila. Eles recebem amigos, fazem comida, cuidam da casa", descreve Maneco.
Carreira Fernado Eiras iniciou a carreira na TV como galã de novelas como Água Viva, Sétimo Céu e Eu Prometo. "Tinha 20 anos quando fiz Pai Herói. Era uma criança de 20 anos despreparada para uma novela que dava 90,7 % de audiência. Até o Senado parava", lembra ele, que foi buscar no teatro maior profundidade na carreira. "É lá que o ator se testa", diz Fernando.
Recentemente, ele rodou o mundo com a premiada peça Ensaio.Hamlet. Estava na Europa ano passado quando ganhou prêmio de melhor ator no Festival de Cinema de Brasília com o filme Incuráveis, do diretor Gustavo Acioli. "Sou um executivo suicida que se envolve com uma prostituta vivida pela Dira Paes. Trabalhamos com uma galera jovem. Eu era o avô do projeto", diz o ator, 49 anos.
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