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Sexta - 18 de Agosto de 2006 às 11:34

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Os Correios vão lançar na terça-feira (22) um selo em homenagem à viola-de-cocho. A solenidade de lançamento do Selo Emissão Especial Mercosul, que terá a imagem do instrumento, será no Salão Nobre do Palácio da Instrução, no centro de Cuiabá.

Durante o evento haverá uma apresentação da Orquestra de Câmara do Estado de Mato Grosso, que é a única no mundo com a participação de duas violas-de-cocho. Cururueiros da região e um grupo de dança do siriri também vão se apresentar na solenidade.

Homenagem

A viola-de-cocho há mais de dois séculos tem um papel importantíssimo no cotidiano dos mato-grossenses, tanto como entretenimento, como objeto de louvação. É um instrumento musical da região do Pantanal mato-grossense. Sua origem ainda não é bem definida, porém estudiosos acreditam tratar-se de um instrumento derivado diretamente do alaúde árabe.

A viola-de-cocho recebe este nome porque é confeccionada em tronco de madeira inteiriço, esculpido de forma artesanal e escavado na parte que corresponde à caixa de ressonância no formato de uma viola, com cinco cordas. Suas cordas eram, originalmente, feitas de tripas de alguns animais, como o bugio e ouriço-cacheiro, atualmente, são feitas de fios de nylon. Chimbuva, sarã-de-leite, cedro, ou até mesmo mangueira, são algumas das madeiras utilizadas na sua confecção.

Diz a lenda que, um dia, na beira do rio Cuiabá, um artesão local conheceu um viajante que tocava algo parecido com um alaúde. Quando o forasteiro se foi, ficou a saudade da música. Na madeira leve que usava para fazer cochos, o ribeirinho moldou o formato do instrumento e cavou o oco. Fez a tampa com uma lâmina de figueira e as cordas com fibra de palmeira tucum. Quando lhe perguntavam o que era aquilo, respondia: "viola feita dum cocho".

Esse instrumento faz parte do contexto sociocultural da região pantaneira, símbolo de identidade e objeto de auto-sustentação na construção da cidadania desta comunidade de povos tradicionais. O instrumento integra o complexo musical, coreográfico e poético do cururu e do siriri, juntamente com o ganzá (reco-reco de taquara) e o mocho (banco cujo assento de couro é percutido com baquetas de madeira) cultivado por segmentos das camadas populares como diversão ou devoção aos santos católicos.

Patrimônio

Hoje, este instrumento musical pertence ao Patrimônio Cultural do Estado, por meio da Lei Nº. 6.772, de 10/06/1996, da Assembléia Legislativa de Mato Grosso. Em decisão proferida na 45ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, realizada em 1º de dezembro de 2004, o Modo de Fazer Viola de Cocho foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, com a devida menção ao complexo musical, coreográfico e poético do siriri e do cururu, em 10 de dezembro de 2004.

Na imagem do selo, ao centro, em primeiro plano, encontra-se a viola-de-cocho, de forma a destacar a escultura artesanal feita do tronco de madeira e as cinco cordas, características do instrumento próprio do Estado do Mato Grosso. À esquerda e à direita são representadas, ao som da viola, o siriri e o cururu, manifestações típicas da região. A priimeira, dançada especialmente por mulheres e crianças, em roda ou fila, batendo palmas ou levantando as mãos. Já o cururu é executado especialmente por homens, que dançam e cantam em roda. No canto inferior direito a logomarca do Mercosul, por tratar-se de uma emissão de tema comum aos países membros do Mercado Comum do Sul.





Fonte: RMT Online

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