Desequilíbrio na China chega a 121 meninos para cada 100 meninas

O desequilíbrio de nascimentos na China em função do gênero cresce apesar da oposição do Governo e, segundo os últimos dados, chega a 121,2 meninos para cada 100 meninas, informou hoje o jornal "South China Morning Post".

A proporção considerada normal pelos demógrafos é de 105 meninos para 100 meninas.

Os dados contradizem os cálculos de junho do Conselho de Estado (Executivo). O Governo declarava que o desequilíbrio aumentaria de 117/100 para 119/100 até 2035.

v A tendência foi mostrada no Livro Verde sobre População e Trabalho, elaborado pela Academia Chinesa de Ciências Sociais e publicado esta semana. A estimativa é de que, dentro de 20 anos, 10% dos homens chineses fiquem sem uma parceira.

"Os pais chineses não ficam mais tão infelizes quando nasce uma menina. Mas continuam preferindo um filho que possa garantir o seu sustento quando envelhecerem", afirmou Zheng Zhenzhen, co-autora do livro.

A especialista atribuiu o atual problema à combinação explosiva entre os preconceitos tradicionais e a política demográfica do filho único aplicada no país desde o fim dos anos 70 e defendida pelo Governo. Ela insistiu na necessidade de acabar com as desigualdades sociais. "O problema vai se manter enquanto não houver uma mudança na cultura", comentou.

As regiões rurais costumam ser as mais reponsabilizadas pelo desequilíbrio de gêneros. Mas a próspera província de Cantão se situa entre as mais afetadas pela tendência, com 130,3 meninos para cada 100 meninas. A pior situação é a da ilha de Hainan: 135,6/100.

O estudo confirma dados anteriores sobre crescimento populacional e indica que o país asiático terá, em 2050, de 1,47 a 1,6 bilhão de habitantes.

Em junho, o Legislativo chinês recuou e desistiu de criminalizar as ecografias para conhecer o sexo da criança, assim como o aborto seletivo, práticas punidas apenas com multas e sanções administrativas.