Soldados libaneses assumem posições em redutos do Hizbollah
Combatentes da guerrilha desapareciam à medida que os soldados do Líbano atravessavam o rio Litani, localizado a cerca de 20 quilômetros da fronteira com Israel, disseram membros das forças de segurança e testemunhas.
Um cessar-fogo patrocinado pela ONU colocou fim, na segunda-feira, aos 34 dias de combate entre o Estado judaico e o Hizbollah. A trégua faz parte de uma resolução adotada pelo Conselho de Segurança da ONU, que também prevê o envio de soldados do Líbano para o sul do país e o estacionamento, ali, de uma força de paz ampliada, envolvendo até 15.000 integrantes.
Mais de cem caminhões, veículos blindados e jipes atravessavam uma ponte improvisada sobre o rio Litani em direção à cidade de Marjayoun, de maioria cristã e localizada a 8 quilômetros da fronteira com Israel. Alguns veículos rebocavam peças de artilharia. Outros levavam soldados e equipamentos. Membros da força de paz da ONU, a Unifil (que conta atualmente com 2.000 membros), os observavam cruzar o rio.
Dezenas de pessoas reuniram-se nas estradas agitando bandeiras do Líbano e atirando arroz e flores para comemorar a chegada dos militares.
"Que Deus os proteja", gritou Khadeeja Sheet, de 64 anos, quando os soldados passavam. "Apoiamos apenas o nosso Exército".
Outras unidades atravessaram o Litani em Qasmiyeh e devem ficar estacionadas na região que cerca a cidade portuária de Tiro, disseram membros das forças de segurança.
"Todos queremos o Exército e todos queremos a estabilidade", afirmou Hossam Qassem, proprietário de um posto de gasolina do vilarejo de Debbine, um reduto do Hizbollah duramente atingido pelos bombardeios realizados por Israel durante sua campanha militar.
O Exército israelense afirmou ter começado a "transferir a responsabilidade" pelo sul em um processo escalonado que "depende do reforço da Unifil e da capacidade do Exército libanês de controlar efetivamente a área".
Durante a guerra, os ataques aéreos de Israel mataram 39 soldados libaneses e destruíram os radares costeiros, a pista de duas bases e vários entrepostos dos militares do Líbano.
Enquanto os soldados libaneses avançavam rumo ao sul, os guerrilheiros do Hizbollah desapareciam da vista. Mesmo membros desarmados do grupo, vistos nos últimos dias circulando pela área e dando instruções aos jornalistas, não eram mais vistos.
O grupo xiita prometeu cooperar com os soldados do Líbano e da ONU. Mas o Hizbollah deixou claro que não abrirá mão de suas armas e que não sairá do sul libanês. E também não se comprometeu a livrar-se dos foguetes que lançou sobre o norte israelense durante o conflito.
REABERTURA DO AEROPORTO O aeroporto internacional de Beirute, bombardeado por Israel durante a guerra, foi reaberto na quinta-feira para vôos comerciais pela primeira vez em cinco semanas, disseram funcionários do local.
Um avião da Middle East Airlines, a companhia aérea do Líbano, pousou no aeroporto, levando passageiros civis, por volta das 13h (7h em Brasília), vindo de Amã, capital da Jordânia. Logo depois, pousou um avião da Royal Jordanian.
A retomada dos vôos significa o fim do embargo aéreo imposto por Israel. O Estado judaico permitia até agora que apenas aviões com material de ajuda humanitária usassem o aeroporto. Um bloqueio naval ainda continua em vigor, apesar de navios envolvidos em operações de ajuda terem conseguido permissão para circular.
Dois enviados da ONU devem chegar ao Líbano e a Israel na quinta-feira a fim de avaliar a implantação da trégua. Os enviados, Vijay Nambiar e Terje Roed-Larsen, vão conversar com autoridades dos dois países, disse a entidade internacional.
A ONU espera que mais 3.500 soldados possam ser enviados à região, como parte da Unifil, nas próximas duas semanas. O vice-primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, afirmou na quarta-feira prever que a maior parte dos 15.000 soldados libaneses a serem colocado no sul do Líbano chegue ali até o final do mês.
O governo do Líbano diz que seu Exército não tolerará a presença de qualquer grupo armado no sul, mas não prometeu realizar buscas pelas armas do Hizbollah. Muitos combatentes do grupo moram nos vilarejos de fronteira e, segundo autoridades libanesas, esses homens não podem ser expulsos de suas casas.
O ministro de Energia do Líbano, Mohammed Fneish, um dos dois integrantes do governo libanês que pertencem ao Hizbollah, disse que o grupo havia aceitado a presença do Exército libanês "sem impor restrições".
Mais de 200.000 refugiados já regressaram para suas casas, sem esperar pela saída dos soldados israelenses.
Ao menos 1.110 pessoas no Líbano e 157 em Israel foram mortos no conflito iniciado depois de o Hizbollah ter capturado dois soldados israelenses no dia 12 de julho, em uma operação realizada a partir do território libanês.
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