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Educação/Vestibular
Quinta - 17 de Agosto de 2006 às 08:21

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Resultados do perfil socioeconômico de alunos que concluíram cursos de graduação avaliados pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2005 mostram que, em média, 60,6% fizeram o ensino médio em escola pública. Além disso, 33,6% se declararam pretos ou pardos e 29% pertencem a famílias com renda de até três salários mínimos por mês.

Em meio aos debates sobre a adoção de cotas em universidades federais, os dados traduzem em números um argumento discutido no meio acadêmico. O projeto de cotas será praticamente nulo para alguns cursos em que o percentual de alunos egressos do ensino médio da rede pública já ultrapassa os 50% atualmente.

O perfil dos estudantes que concluíram cursos em 12 áreas avaliadas no ano passado pelo Enade, exame que substituiu o Provão, demonstra isso.

Desde 2002, quando as mesmas áreas foram analisadas, o patamar de egressos da rede pública entre formandos está próximo de 60%.

Ou seja, essas áreas não precisam de cotas porque já atendem ao que está na proposta que tramita no Congresso.

Projeto O projeto --aguardando votação na Câmara-- reserva a metade das vagas de todos os cursos de universidades federais para egressos do ensino médio público. Entre elas, há proporção para pretos e pardos segundo a população do Estado onde a instituição fica.

Uma das explicações para a média das 12 áreas avaliadas no ano passado ultrapassar o índice exigido é o fato de a maior parte delas ser de cursos de licenciatura --história, letras, matemática, pedagogia. Tradicionalmente, atraem estudantes de renda menor.

Quando o foco é a renda, nota-se um pequeno aumento no percentual de formandos que pertencem a famílias com até três salários mínimos mensais. Passou de 24,6% em 2002 para 29% no ano passado.

Tendência de alta A tendência de crescimento é verificada também entre os que se declaram pretos e pardos. Subiu de 28% para 33,6% no mesmo período.

Apesar de não poder comparar diretamente, por se tratar de outras áreas, o perfil dos alunos obtido no Enade 2004 ilustra a diferença no ensino superior. Naquele ano, quando cursos considerados de "elite", como medicina e odontologia, foram avaliados, 34,7% dos estudantes eram egressos da rede pública. Só 20,7% se declararam pretos e pardos e 17,5% tinham renda familiar de até três salários mínimos.

Para o diretor de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior, Dilvo Ristoff, esses resultados mostram que a política educacional precisa combinar aumento de vagas com políticas afirmativas temporárias.

"Se a oportunidade é igual para todos, a entrada de alunos mais pobres e vindos da rede pública no ensino superior vai acontecer naturalmente", diz Ristoff, que coordena no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) a área responsável pelo Enade.

O diretor lembra porém que mesmo o índice de 60% de egressos da rede pública ainda fica aquém dos dados globais do ensino médio, já que 88% das matrículas nessa etapa estão em escolas estaduais, municipais e federais.





Fonte: Folha Online

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