Vendas aumentam 5,7% no primeiro semestre
O desempenho foi melhor do que o dos seis primeiros meses de 2005, quando o setor havia crescido 4,64%.
Em junho, porém, o comércio vendeu quantidade menor de produtos por causa da Copa do Mundo, evento que provocou o fechamento de lojas em dias de jogos do Brasil. A retração foi de 0,38% de maio para junho na taxa com ajuste sazonal. Em relação a junho de 2005, houve alta de 4,08%.
Segundo Reinaldo Pereira, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, o resultado de junho foi reflexo principalmente da Copa, embora o arrefecimento do crédito também tenha contribuído para o desempenho negativo.
"Em 2006, parece que o crédito já atingiu um limite. As famílias estão endividadas. No ano passado, era o crédito que impulsionava o comércio. Neste ano, houve uma troca e é o crescimento da renda que sustenta o setor", afirmou.
De maio para junho, as vendas do ramo de móveis e eletrodomésticos, o mais sensível ao crédito, caíram 5,07%. No primeiro semestre, a atividade ainda tem desempenho positivo (9,05%), mas já em processo de desaceleração.
Tanto em junho como no primeiro semestre, o principal impacto positivo veio do ramo de hiper e supermercados e demais lojas de alimentos _altas de 1% ante maio e de 7,57%.
Esse é o setor de maior peso do comércio e o que mais se beneficia do avanço da renda. No primeiro semestre, a renda subiu 4,4% nas seis principais regiões metropolitanas do país.
INFLAÇÃO AJUDA A inflação baixa, que assegurou boa parte da melhora do rendimento ao ampliar o poder de compra da população, também impulsionou o comércio. Segundo Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), preços menores, especialmente de alimentos, puxaram para cima as vendas dos supermercados.
Para Freitas, a desaceleração dos bens duráveis (móveis e eletrodomésticos) já estava prevista: "O crédito iria se esgotar. Ele ainda cresce, mas já perdeu fôlego. E a inadimplência está em alta".
Sem um inverno rigoroso, segundo o IBGE, as vendas do ramo de tecidos, vestuário e calçados também caíram em junho (2,35%). "É patente que os setores de bens duráveis e semi-duráveis [móveis e eletrodomésticos e tecidos, vestuário e calçados] estão numa nítida trajetória de desaceleração. Uma retomada de ânimo no crédito é necessária", avalia o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo).
Sob efeito do câmbio, a indústria registrou, no primeiro semestre, desempenho pior do que o do comércio. O crescimento foi de 2,6% de janeiro a junho. Para Freitas, a valorização do real fez a indústria exportar menos.
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