Hospital diz que choque séptico matou Stroessner
Um amigo da família havia revelado em Assunção que o ex-ditador foi vítima de parada cardiorrespiratória aos 93 anos, revelou nesta quarta-feira um amigo da família na capital paraguaia. O homem que comandou com mão-de-ferro o Paraguai durante 35 anos foi submetido a uma cirurgia de hérnia há 15 dias e no final de semana passado seu quadro de saúde se complicou com uma pneumonia que o deixou em tratamento intensivo no hospital Santa Luzia de Brasília, onde estava exilado há 17 anos.
"O louro", como era chamado, de 1,90 metro de altura e outrora imponente imagem, tinha 45 quilos quando faleceu. Ex-vítimas da ditadura de Stroessner advertiram há alguns dias que se mobilizarão com manifestações de repúdio caso os restos do ex-ditador sejam repatriados.
Conhecido como um homem forte, sua saúde sempre foi motivo de atenção por parte da população. Um dos rumores mais difundidos foi o de que sofria de lepra ou de câncer de pele porque nos últimos anos de seu governo já não apertava as mãos daqueles que o visitavam no Palácio do Governo.
Cumprimentava a todos ao estilo oriental, inclinando a cabeça. A imprensa internacional publicou várias vezes fotografias de suas mãos com sintomas de problemas de pele. Em setembro de 1988, pela primeira vez desapareceu dos holofotes públicos por 10 dias.
Quando aumentavam as especulações a respeito de sua saúde e as versões indicavam que estava em estado grave, reapareceu recuperado, e seus colaboradores próximos explicaram que havia sido submetido a uma "pequena" cirurgia de próstata.
Diversos especialistas ressaltam este episódio como o começo do fim de Stroessner como governante, porque pela primeira vez a população percebeu que não era um ser "imortal" como ressaltava a propaganda governamental.
O ex-ditador foi finalmente derrubado quatro meses depois, na madrugada de 3 de fevereiro de 1989 por um golpe militar liderado por seu antigo aliado, o general Andrés Rodríguez, falecido em 1994. A oposição estima que durante seu governo cerca de 1.000 pessoas morreram ou desapareceram nas mãos dos serviços militares e policiais.
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