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Cidades/Geral
Quarta - 16 de Agosto de 2006 às 15:14

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“Depois que individualizamos os hidrômetros, a administração ficou muito mais tranqüila.” A opinião é do síndico do condomínio Dunas do Areão, no bairro do Areão, Luiz Ricardo Barros da Costa. O condomínio horizontal é o único da Capital cujos hidrômetros são individuais, instalados em cada um dos 66 apartamentos. A novidade, implantada há cerca de um ano, é responsável por uma queda de 23% no consumo de água.

Antes da individualização, a conta do condomínio chegava aos R$ 3.500,00 mensais, valor que era dividido igualmente entre os condôminos. Hoje, a conta de muitos baixou. A de Ricardo, por exemplo, é de pouco mais de R$ 20,00.

A individualização dos hidrômetros também ajudou a detectar um vazamento na área de lazer do condomínio, único local, além da guarita, onde a água é custeada por todos. O vazamento era responsável por R$ 600,00 mensais na conta. “As pessoas só se conscientizam quando o assunto pesa no bolso”, lamenta Ricardo, lembrando que a maior parte dos altos valores que se paga em condomínios é devido ao desperdício.

O morador Marcelo Zacarini aprovou a mudança. “Muitos gastavam enchendo piscinas, lavando carros. Hoje isso é muito raro”, observou.

A inadimplência também diminuiu: hoje, apenas três moradores estão com as contas atrasadas. Com a sobra de recursos, foi possível investir na instalação de uma cerca elétrica e no projeto de mudança da guarita. “O condomínio é a nossa casa. Quando tomo a atitude de economizar, não estou beneficiando só a mim, mas a todos”, observou o síndico.

Debate – A individualização dos hidrômetros foi tema do “Seminário de Hidrometração Individualizada em Prédios”, promovido pela Sanecap nos dias 17 e 18 de agosto, no auditório da Secretaria de Estado do Infra-Estrutura (Sinfra). O objetivo: discutir a medição individualizada em prédios e os desafios para implementá-la em Cuiabá.

Para a presidente da Sanecap, Eliana Rondon, a hidrometração individualizada é uma necessidade. “Os condôminos estão cada vez mais cientes de seus direitos, e não aceitam mais pagar pela inadimplência e pelo desperdício cometido pelo vizinho ao lado”, opinou ela.

Legislação – Ao contrário de países como Alemanha, Portugal, França e Estados Unidos, em termos de legislação o Brasil ainda é iniciante. As ações são guiadas, em sua maioria, pela lei 9.433 (Política Nacional de Recursos Hídricos), que tem entre seus objetivos a racionalização do uso da água. Cidades como Curitiba e São Paulo já têm lei municipal sobre o tema.

Mas a individualização dos hidrômetros pode se tornar obrigatória caso seja aprovado o projeto de lei que institui as diretrizes nacionais para a cobrança de tarifas para a prestação de serviços de saneamento, que se encontra em tramitação na Câmara. O documento estabelece como obrigatória a presença dos hidrômetros individuais já no projeto de construção das habitações.

O superintendente de Tecnologia e Capacitação da Agência Nacional de Águas (ANA), Eduardo Felipe de Oliveira, a adoção dos hidrômetros individuais está entre as medidas de racionalização do uso da água. Ele cita também a utilização de equipamentos poupadores de água, a adequação de equipamentos domésticos, a captação de água da chuva e a utilização de águas residuais. “O fomento à racionalização depende bastante da posição da concessionária de saneamento local e da prefeitura”, observa.

Experiências – O custo da água ocupa geralmente o primeiro ou segundo lugar na composição do valor do condomínio. E as experiências com a hidrometração individual são positivas em todo o País. Um dos exemplos é o da cidade de Goiânia, onde o sistema foi implantado em quatro prédios, monitorados durante um ano pela Saneago (companhia de saneamento de estado de Goiás), onde foi constatada uma redução superior a 10% no consumo mensal. Outra experiência feita na Grande São Paulo comprova a economia: em dois prédios quase idênticos, diferenciados apenas pela individualização, observou-se uma diferença de consumo de 17 % . “Além disso, houve uma mudança de padrão de consumo: perdulários passaram a ser parcimoniosos a partir da mudança de uma série de hábitos”, completou Oliveira.

Desafios – Para Oliveira, ainda há desafios a serem vencidos. Entre eles estão a fiscalização dos projetos e da execução dos prédios e a definição das responsabilidades sobre a aquisição, substituição e manutenção dos hidrômetros. Também será necessária a qualificação das empresas de engenharia envolvidas e a integração da individualização com a gestão de água nos condomínios. “São essenciais também fontes de financiamento para populações de baixa renda”, aponta ele.





Fonte: 24HorasNews

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