ONU espera ter tropas no Líbano em 15 dias
Segundo Annabi, isso seria "ideal" para consolidar a trégua vigente há dois dias e dar início ao processo de retirada israelense e mobilização de tropas libanesas, como está previsto na resolução da ONU aprovada na última sexta-feira.
Atualmente há cerca de 2 mil soldados da ONU no sul do Líbano, mas a resolução prevê que esse número seja elevado para 15 mil.
Pela resolução, de número 1701, as forças israelenses se retirariam gradualmente do sul do Líbano à medida que as tropas internacionais assumam o controle da segurança na região.
Retirada israelense Israel, que vinha se recusando a retirar todas as suas tropas antes da chegada das forças internacionais, retirou parte dos seus militares nesta terça-feira e anunciou que sairá totalmente do Líbano em dez dias.
O governo libanês, por sua vez, se mostrou disposto a cumprir a sua parte no acordo de cessar-fogo. O ministro da Defesa, Elias Murr, disse que, até o fim da semana, o Exército do país colocará 15 mil soldados ao longo da parte sul do rio Litani, a cerca de 30 km da fronteira com Israel.
Murr afirmou que desarmar os soldados do Hezbollah não é dever do Exército libanês, mas que ele estava confiante que o grupo se retiraria do sul do Líbano quando as forças nacionais assumissem o comando.
A ONU deverá realizar uma reunião nesta quinta-feira para definir as regras de atuação dos capacetes azuis e tentar obter um compromisso formal de países que se mostraram dispostos a contribuir para a força.
O ministro do Exterior francês, Phillipe Douste-Blazy, irá ao Líbano para discutir a mobilização da força interncional, na qual se espera que a França tenha um papel fundamental.
Não foi estabelecido um cronograma para o envio de tropas internacionais, que deverão ser compostas por representantes de cerca de dez países, incluindo França, Itália, Malásia e Bélgica.
Vitória Ainda nesta terça-feira, os governos da Síria e do Irã parabenizaram o grupo militante Hezbollah pelo que chamaram de vitória contra Israel no conflito no Líbano.
O presidente sírio, Bashar Al-Assad, disse que houve uma "gloriosa batalha", em referência ao enfrentamento que durou mais de um mês e foi suspenso na segunda-feira após um cessar-fogo.
No mesmo discurso, feito em Damasco, Assad disse que a paz no Oriente Médio não é possível com o governo do presidente americano, George W. Bush.
"Esta é uma administração que adota o princípio da guerra preventiva, o que é contraditório com o princípio da paz", ele disse. "Conseqüentemente, não esperamos paz em um futuro próximo", afirmou o presidente sírio.
Já o líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que "as promessas de Deus se tornaram verdade" e que o Hezbollah havia frustrado os planos de Estados Unidos e Israel para "dominar a região".
Em Israel, o ministro da Defesa, Amir Peretz, disse que o conflito mostrou aos adversários do país que é não possível vencê-lo.
Segundo Peretz, o desfecho cria uma oportunidade de um novo processo político na região. Ele sugeriu que Israel mantenha negociações com o governo libanês e crie condições de diálogo com a Síria - a quem os israelenses acusam de financiar o Hezbollah.
Tom desafiador No entanto, o correspondente da BBC em Damasco, Jon Leyne, disse que o tom desafiador dos discursos dos líderes do Irã e da Síria, vistos como aliados de longa data do Hezbollah, revela como os adversários dos Estados Unidos se sentem fortalecidos com o desfecho no Líbano.
Em Washington, políticos do Partido Democrata, de oposição, questionaram a avaliação de Bush de que Israel havia derrotado o Hezbollah no conflito.
O senador Carl Levin disse que era preciso evitar conclusões "cor-de-rosa".
A trégua, estabelecida por uma resolução da ONU, continua sendo respeitada, embora tenha havido incidentes esporádicos de violência.
O Exército israelense atirou contra cinco militantes do Hezbollah nesta terça-feira, matando pelo menos três. Israel alega que os militares agiram em defesa própria.
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