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Internacional
Quarta - 16 de Agosto de 2006 às 02:35

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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, considera o cessar-fogo no Líbano uma derrota para o Hisbolá, mas os analistas discordam da sua opinião.

Além da mensagem de Bush, seu secretário de Estado adjunto, David Welch, desqualificou hoje em entrevista coletiva como "bravatas vergonhosas" as afirmações da Síria e do Irã, de que os milicianos do Hisbolá venceram Israel.

Mas os especialistas em Oriente Médio nos EUA, quando não falam diretamente de umavitória do Hisbolá, consideram que será preciso esperar para declarar vencedores e vencidos.

David Newton, do Instituto do Oriente Médio, com sede em Washington, sintetizou a situação para a Efe. "Militarmente, Israel causou mais danos que o Hisbolá. Mas, psicologicamente, está claro que o Hisbolá obteve um triunfo, resistindo ao Exército mais poderoso da região".

"Se você perguntar aos membros do Hisbolá, eles dirão que ganharam a guerra. Também não acho que muitos israelenses acreditem realmente que seu país venceu", acrescentou Newton.

Para Muqtedar Khan, analista no Oriente Médio do prestigioso Instituto Brookings, o vencedor na disputa, além do Hisbolá e de Israel, foi o Irã.

Os analistas vêem uma clara influência do Irã sobre a disputa.

Ainda mais depois de seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad, anunciar que a milícia xiita venceu o conflito.

O Irã, diz Khan, demonstrou que sua influência na região é maior que a dos EUA. O conflito mostrou ainda a mudança nas relações de poder no Oriente Médio, com uma liderança cada vez maior do ramo xiita do Islã.

"Apesar das baixas e dos prejuízos, o Hisbolá e os xiitas estão crescendo politicamente no Líbano, porque foram os primeiros a iniciar os planos de reconstrução no país", acrescentou Khan.

Mesmo centros estratégicos próximos ao Partido Republicano, como a Fundação Heritage, a afirmativa de Bush é questionada.

"Nesta crise aprendemos que o Irã e a Síria são forças desestabilizadoras da região, que contribuem para gerar um sentimento de insegurança internacional", disse à Efe Ariel Cohen, da Fundação Heritage.

No entanto, "ainda é cedo" para anunciar a derrota da milícia libanesa, que "valorizou sua imagem, mas mostrou que é uma marionete de outros países", segundo Cohen.

A resolução 1701 da ONU, que decretou o cessar-fogo no Líbano, é vista com mais ceticismo que esperança pelos analistas. O Governo libanês terá que posicionar o seu Exército no sul do Líbano, em coordenação com uma força multinacional, e Israel deve retirar as suas tropas.

Para Cohen, se o Hisbolá não for desarmado, haverá um novo conflito bélico "não em seis anos, mas em seis meses".

Khan tem a mesma opinião. Ele se pergunta em voz alta se existe alguma resolução da ONU que já tenha adiantado na região. "Quem vai desarmar o Hisbolá? Os franceses? Não creio", diz.

O analista prevê conseqüências desastrosas para os republicanos nas eleições legislativas de novembro, a menos que se desvinculem da política externa de Bush.

Porém, tanto democratas quanto republicanos apoiaram abertamente a Israel no conflito. Portanto, segundo outros analistas, os dois partidos deverão evitar o assunto cna campanha.




Fonte: EFE

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