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Economia
Quarta - 16 de Agosto de 2006 às 01:37
Por: Juliana Scardua

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A Pantanal Energia, termoelétrica instalada em Cuiabá, paralisa hoje a produção de energia como consequência da baixa de 86% no fornecimento do gás boliviano. A usina é responsável hoje por praticamente 70% do fornecimento do insumo em Mato Grosso. A suspensão traz a possibilidade de novos apagões, comuns no Estado até o fim da década de 90, e compromete a atração de novos investimentos industriais. O anúncio foi feito ontem pela direção da Pantanal, que teme a reação popular. O fechamento será por tempo indeterminado, até que as negociações diplomáticas entre os governos brasileiro e boliviano tenham um resultado.

A demanda diária da termoelétrica é de 2,2 milhões de metros cúbicos (m3) de gás natural, mas o abastecimento via o gasoduto Brasil-Bolívia foi enxuto para 300 mil m3 desde a semana passada. Para se ter idéia da dimensão do consumo, a frota mato-grossense de 1,4 mil carros com o kit do Gás Natural Veicular (GNV) demanda por dia a média de 4 mil m3.

A usina tem uma potência instalada de 480 megawatts (MW) ante a média de consumo no Estado de 500 MW de energia. A capacidade total de geração em Mato Grosso, incluindo outras termoelétricas e hidrelétricas de pequeno a médio portes, soma cerca de 2 mil MW.

O presidente da Pantanal, Carlos Eduardo Baldi, declara que a oferta escassa da matéria-prima para a produção de energia não cobre sequer os custos operacionais e que a manutenção da planta em atividade é um prejuízo certo. Ontem executivos americanos ligados à joint-venture (empresas acionistas) que controla a termoelétrica estavam em Cuiabá, mas segundo Baldi o motivo da visita se resume a uma auditoria interna, procedimento considerado de praxe. O fornecimento do gás à termoelétrica é feito pela empresa boliviana Andina. O contrato de gás "firme" como é caracterizado é válido por 20 anos, garantindo o abastecimento até 2019.

O gerente regulatório da Pantanal, Fábio Garcia, explica que nesse tipo de acordo comercial existe a obrigação máxima da entrega de todo o insumo demandado, mas o governo boliviano está vetando o fornecimento pela Andina. "Há duas semanas a situação já estava crítica, mas estávamos equacionando as coisas. De lá para cá o problema está muito mais difícil para ser resolvido administrativamente e não há outra saída senão parar", frisa Baldi. A empresa tentou agendar uma reunião com o presidente da Bolívia, Evo Moralez, mas o governo se recusou a atender.




Fonte: A Gazeta

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