Ex-colonos dizem que Hisbolá prova fracasso da saída de Gaza
"Muitos habitantes do norte de Israel, que agora tiveram que deixar suas casas por causa dos foguetes lançados pelo Hisbolá, disseram que se arrependem de não terem feito o suficiente para evitar a retirada israelense de Gaza", disse Anita Tucker, porta-voz dos antigos colonos do território mediterrâneo palestino.
Segundo Tucker, de 60 anos, a milícia xiita não teria lançado seu ataque caso visse o Exército israelense lutar contra os palestinos que disparam foguetes de Gaza contra o território do Estado judeu.
Com este argumento, a porta-voz e vários outros ex-colonos afirmam que os eventos que aconteceram após a retirada israelense de Gaza atestam a validade do principal lema da campanha contra o plano de evacuação: "O desligamento concede uma vitória ao terrorismo".
A vitória, segundo a tese - cujo maior defensor talvez seja o líder da oposição parlamentar de direita de Israel, Benjamin Netanyahu - continuará com a expulsão dos territórios da Judéia e da Samaria (Cisjordânia) e, depois, da Europa.
Da mesma forma, os defensores desta linha afirmam que a retirada israelense do Líbano, em junho de 2000, foi um dos fatores que levou à eclosão da Intifada de Al-Aqsa, em setembro do mesmo ano.
Além disso, de acordo com Tucker, aumentou a polêmica sobre o plano do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, de desmantelar assentamentos judaicos na Cisjordânia.
Com este "nós avisamos", os antigos colonos judeus de Gaza compensam um pouco da dor que ainda sentem por terem perdido suas casas e pelo relativo esquecimento no qual sua causa caiu.
Tucker, usando um grande gorro que cobria quase todo seu cabelo grisalho, disse que o plano de evacuação de Gaza "foi um desastre" e "não resultou em nada positivo".
Os colonos acusam, principalmente, as autoridades israelenses de incompetência.
Apenas nas últimas semanas, quase doze meses após terem sido retirados de suas casas, todos os colonos deixaram os hotéis nos quais estavam hospedados provisoriamente e foram morar em seus novos lares.
Na localidade de Ein Zurim, perto da cidade israelense de Ashkelon, um pouco mais ao norte da Faixa de Gaza, as autoridades israelenses construíram uma série de edificações de apenas um andar e com telhados vermelhos.
Segundo Tucker, o objetivo é manter a comunidade unida antes de retornar, "talvez não nos próximos anos, mas em futuras gerações", à Faixa de Gaza e retomar, de acordo com o que consideram seu dever religioso, a terra que acreditam ser de Israel.
Sua vizinha Sara Dadon concorda que a saída de Gaza não aumentou a segurança de Israel.
"Se tivesse trazido tranqüilidade teríamos percebido. Entretanto, o fato é que os ataques provenientes da Faixa de Gaza aumentaram", declarou.
Porém, Dadon não tem a mesma esperança de Tucker de que os judeus voltarão um dia à Faixa de Gaza o que, por outro lado, não a impede de continuar comprometida em manter o espírito de comunidade existente anteriormente.
De fato, ela diz que um dos problemas da nova vida em Israel é "ter que provar quem é você, enquanto em Gush Katif - bloco de assentamentos no qual morava - todos se conheciam".
Por enquanto, Sara aproveita o fato de ter recuperado sua privacidade, pois não está mais submetida às regras do hotel no qual vivia até duas semanas atrás.
No entanto, logo que conseguiu voltar a morar em um imóvel próprio, a saudade da casa perdida aumentou.
"Sinto falta da casa, do lugar, da areia, do mar e da calma", conclui Dadon.
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