Grã-Bretanha divulga nomes de envolvidos em plano para atentado
A divulgação dos nomes aconteceu um dia depois de as forças de segurança britânicas terem evitado um "assassinato em massa, de escala nunca antes imaginada".
Autoridades norte-americanas afirmaram que os supostos agressores estavam a apenas alguns dias de realizar ataques simultâneos contra dez aviões que voariam do território britânico para o norte-americano, ataques esses que poderiam rivalizar com os de 11 de setembro de 2001 contra Nova York e Washington.
As notícias sobre as prisões provocaram uma situação caótica nos aeroportos britânicos, no auge da temporada turística. Centenas de vôos foram cancelados. Medidas mais rígidas de segurança ainda estavam em vigor na sexta-feira, provocando longas filas.
A BAA, responsável por administrar os aeroportos britânicos, disse que havia sido suspensa a proibição de que aeronaves pequenas pousassem em Heathrow. A British Airways afirmou prever que 70 por cento de seus vôos de pequena distância seriam realizados na sexta-feira.
Na Grã-Bretanha, nenhum passageiro teve permissão para entrar com bagagem de mão nos aviões. Dos dois lados do Atlântico, as autoridades proibiram a entrada de produtos líquidos e em gel nas aeronaves. E as pessoas que viajavam com bebês foram obrigadas a provar a comida deles antes de embarcar.
Segundo a polícia, o plano consistia em explodir os aviões com bombas químicas que seriam disfarçadas de bebidas. O Departamento de Segurança Interna dos EUA afirmou que 24 pessoas tinham sido detidas na Grã-Bretanha.
O Banco da Inglaterra, agindo por ordem do governo, divulgou o nome e o endereço de 19 suspeitos, afirmando que seria ilegal a partir daquele momento liberar dinheiro depositado em contas deles.
Os detidos em uma série de operações realizadas à noite tinham entre 17 e 35 anos de idade e viviam na parte leste de Londres, na cidade de High Wycombe (sudeste do país) e em Birmingham, segunda maior cidade da Grã-Bretanha.
John O''Connor, um ex-membro do esquadrão de crimes graves de Londres, disse que divulgar o nome de suspeitos sem antes apresentar acusações formais contra eles, como aconteceu agora, era uma medida sem precedentes.
PRISÕES NO PAQUISTÃO
O plano de atentado veio à tona 13 meses depois de quatro homens-bomba britânicos terem matado 52 pessoas na rede de transporte público de Londres.
O Paquistão afirmou ter desempenhado um papel importante nos esforços para desbaratar o plano atual. Uma autoridade do governo paquistanês afirmou que o país prendeu dois britânicos de origem paquistanesa na semana passada, junto outras cinco pessoas.
Michael Chertoff, secretário de Segurança Interna dos EUA, disse que a Al Qaeda poderia estar envolvida nos planos, mas que era cedo demais para tirar conclusões sobre o caso. A polícia britânica descartou a possibilidade de envolvimento direto da rede internacional de militantes.
No mês passado, a Al Qaeda convocou muçulmanos do mundo todo a lutarem contra os que dão apoio aos ataques de Israel no Líbano e avisou que atentados seriam realizados se os EUA e a Grã-Bretanha não retirassem seus soldados do Iraque e do Afeganistão. Vários líderes da organização, entre os quais seu dirigente máximo, Osama bin Laden, e o vice dele, Ayman al-Zawahri, estariam escondidos no Paquistão ou no Afeganistão, perto da fronteira paquistanesa.
Ao menos dois britânicos muçulmanos que participaram dos atentados do ano passado em Londres haviam visitado o Paquistão meses antes daquele ataque, alimentando suspeitas de que tivessem laços com militantes no território paquistanês.
O ministro do Interior da Grã-Bretanha, John Reid, afirmou que a polícia acreditava ter capturado os principais envolvidos.
A rede de TV ABC, dos EUA, disse na quinta-feira que, segundo autoridades norte-americanas não identificadas, cinco suspeitos continuavam foragidos. No entanto, uma porta-voz da polícia britânica sugeriu na sexta-feira que as forças de segurança haviam prendido todos os suspeitos que desejava.
"Claro que pode haver outras pessoas ainda em liberdade que participaram disso. Podemos descobrir que ainda há envolvidos em liberdade", afirmou.
Membros das forças de segurança da Grã-Bretanha disseram estar vigiando os suspeitos havia oito meses.
(Reportagem adicional de Peter Graff e Peter Griffiths em Londres e Zeeshan Haider em Islamabad)
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