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Nacional
Quinta - 10 de Agosto de 2006 às 02:45

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou nesta quarta-feira na disputa com o governo de São Paulo sobre quem deve ser responsabilizado pela atual onda de violência no Estado, após a terceira noite de ataques.

Lula criticou o secretário de Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, e confirmou, por meio da Presidência, que visitará na sexta-feira, como parte do programa "Soldado Cidadão", o 20o Grupo de Artilharia de Campanha, em Barueri, Grande São Paulo.

"Acho que o secretário devia ser mais sensato na hora de abrir a boca ... e tentar evitar essas coisas que estão acontecendo em São Paulo", disse Lula em entrevista à rádio Capital na manhã de quarta. "Essas pessoas estão cuidando da segurança de São Paulo há muitos anos. Ele deveria, de forma mais humilde, perceber que houve uma falha. Ele poderia tirar o telefone celular dos presos."

Em mais uma noite de violência deflagrada pelo crime organizado, houve uma redução nos ataques no Estado, mas suspeitas de bombas na avenida Paulista, centro financeiro da capital, e outra na região do metrô do Brás, na zona leste, além de atentados a alvos de segurança, ônibus e bancos, continuaram provocando medo.

Os paulistas temem agora a saída temporária de detentos em regime semi-aberto para o Dia dos Pais, a partir de quinta-feira. Segundo dados de feriados anteriores da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, cerca de 10 mil detentos podem fazer o pedido para ter o benefício.

O Ministério Público Estadual, que considerava antes dos novos atentados cancelar a saída dos presos devido aos ataques de maio e julho, agora admite fazer uma triagem para reter apenas os membros do crime organizado.

Pela manhã de quarta, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, se reuniu com os comandantes das Forças Armadas e os diretores das Polícias Federal e Rodoviária para uma atualização e avaliação de informações.

A assessoria de imprensa do ministério não deu mais detalhes sobre o encontro e afirmou que está mantida a oferta de apoio das Forças Armadas e da Segurança da Nacional ao Estado, que foi descartada mais uma vez pelo governador Cláudio Lembo (PFL). Mesmo assim, Lembo admitiu que há uma "interrogação" sobre as consequências da saída temporária de detentos.

"Exército é tropa nobre, deve ser preservada para defender a soberania nacional", disse Lembo na tarde desta quarta a jornalistas, no Palácio dos Bandeirantes.

SAÍDA DE DETENTOS

Sobre a saída dos presos no Dia dos Pais, o governador demonstrou preocupação. "É uma interrogação (sobre a consequência da saída), mas preciso aceitar porque é uma determinação do Poder Judiciário", disse.

A preocupação com a saída de cerca de 10 por cento da população carcerária de São Paulo fez até mesmo os Estados Unidos emitirem, através do consulado-geral local, nota aos norte-americanos que vivem no Estado para ficarem "atentos", lembrando que a primeira onda de violência aconteceu no fim de semana do Dia das Mães, em maio, quando o benefício também foi concedido aos presos.

Como forma de tranquilizar a população, a Polícia Militar do Estado apresentou nesta manhã um helicóptero capaz de carregar uma tropa de 22 homens, resultado de uma parceria recente com o Exército. A aeronave poderá ser usada na repressão de rebeliões em presídios e transporte de tropas especializadas.

No balanço mais recente da Secretaria de Segurança Pública, divulgado na noite de terça-feira, a violência deixou um saldo total de 167 alvos atingidos e 33 suspeitos presos. O Estado vive desde a noite de domingo a terceira onda de ataques atribuídos ao crime organizado em três meses.

Além das duas suspeitas de bombas, outra ocorrência significativa da noite de terça para quarta foi um incêndio provocado por criminosos na garagem da Secretaria Estadual de Justiça, na região central da capital. O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar o fogo, mas um carro foi destruído.

Duas agências bancárias, uma no Morumbi e outra no bairro de Pinheiros, foram atacadas por tiros de metralhadora e de explosivos. Um ônibus na zona oeste e uma concessionária de carros na zona leste também foram incendiados na cidade. No interior, também foram registrados ataques a ônibus e contra alvos policiais.

A secretaria também informou nesta tarde que uma central telefônica clandestina, que faria ligações para presídios e estaria a serviço de uma facção criminosa, foi desmantelada em Sorocaba, na terça-feira.

(Texto de Fernanda Ezabella, reportagem de Carmen Munari e Eduardo Lima)




Fonte: Reuters

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