Declarações otimistas de aliados suprem silêncio sobre Fidel
O líder cubano, em um ato sem precedentes, delegou provisoriamente o poder a seu irmão Raúl em 31 de julho, enquanto se recupera de uma delicada cirurgia intestinal.
No anúncio da transferência provisória de poderes, assinado por Fidel, o líder cubano advertiu também que seu estado de saúde é um "segredo de Estado".
Desde então, os cubanos esperam uma declaração de Raúl Castro ou algum relatório médico sobre a evolução do líder cubano, cujo paradeiro também não foi revelado por razões de segurança.
O presidente do Parlamento de Cuba, Ricardo Alarcón, justificou hoje o silêncio sobre a saúde de Fidel pela "ameaça" dos "bandidos" dos Estados Unidos.
Alarcón lembrou que a Administração do presidente americano, George W. Bush, tem "planos secretos" contra Cuba e pediu à população para se manter alerta e responder com "sabedoria, muita disciplina e muito espírito de unidade".
O vice-presidente Carlos Lage, um dos seis homens fortes do regime que ajudam Raúl Castro em suas novas responsabilidades de Governo, foi outro dos encarregados de fazer declarações tranqüilizadoras sobre a recuperação de Fidel.
Lage disse, durante suas visitas oficiais à Bolívia e à Colômbia, realizadas nos últimos dias, que Fidel se recupera satisfatoriamente e estará em condições de retomar suas funções em poucos meses.
Presidentes de países aliados, como o líder venezuelano Hugo Chávez, amigo pessoal de Fidel, fizeram comunicados otimistas nos últimos dias sobre a recuperação do chefe da revolução.
O ex-dirigente sandinista Daniel Ortega, que visitou Havana esta semana para saber da saúde do líder cubano, afirmou na última terça-feira que Fidel "já está ativo", orienta tarefas e em breve retomará suas funções.
A líder indígena guatemalteca e Prêmio Nobel da Paz de 1992, Rigoberta Menchú, disse que conversou hoje por telefone com Lage, que afirmou que Fidel "está se recuperando muito bem e que muito em breve vai retomar suas atividades".
Cuba mantém a calma e a normalidade, e a imprensa oficial continua informando sobre grandes atos de reafirmação patriótica, para referendar o compromisso dos trabalhadores e das organizações de massa com a revolução.
Hoje, centenas de jovens participaram de um destes atos em Havana, o que coincidiu com a publicação no jornal oficial da União de Jovens Comunistas (UJC), "Juventud Rebelde", de um comunicado da organização em apoio dos irmãos Castro.
"Enviamos uma mensagem ao comandante com o desejo de que se recupere em seu tempo e descanse. Ele não teve férias em mais de 47 anos, que se recupere bem, para que retorne com novos brios, dando novos golpes certeiros no imperialismo", afirmou o jovem Erik Rodríguez, responsável municipal pela UJC, durante a concentração.
Na declaração publicada no "Juventud rebelde", a entidade ratifica seu compromisso com o país e com a revolução.
"Diante dos que, refugiados nas entranhas do monstro, escolheram o ódio, o ressentimento e a ilusão de que esta obra será detida, as novas gerações de cubanos construirão uma pátria mais socialista e antiimperialista", acrescenta.
"Apoiaremos Raúl e nosso Partido Comunista com a confiança de sempre", continua o texto, que ratifica a "eterna fidelidade" dos jovens cubanos aos irmãos Castro e ao Partido Comunista de Cuba.
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