Aposentada é mandada para o necrotério ainda viva
Dada como morta por volta das 11h30 do dia 6, ela foi levada ao necrotério do hospital envolvida em um saco branco com zíper e lá ficou até a chegada dos familiares e da equipe da funerária, que constataram com horror que ela ainda se esforçava para respirar.
"O hospital nos telefonou por volta das 12h de domingo, dizendo que ela tinha morrido, mas, quando chegamos com as roupas do enterro e com o pessoal da funerária, vimos que o saco se movia por causa da respiração. Quando abrimos o zíper, vimos que ela estava de olhos abertos!", contou o vigilante Marcelo dos Santos, 28, o parente mais próximo de Maria José, que era prima da avó dele.
Segundo Santos, houve uma correria imediata no hospital, e a idosa foi levada pelo médico Luciano Barbosa para a sala de reanimação, onde voltou a ser entubada.
"O médico explicou que tinha dado uma injeção de adrenalina nela e esperado cerca de 30 minutos por uma reação. Tendo em vista que nada tinha acontecido, ele tinha declarado o falecimento dela", afirmou o vigilante.
Queixa
Na opinião dos parentes de Maria José, que receberam a notícia da morte definitiva da idosa por volta das 21h, o fato de ela ter ficado embalada viva e com os pés e mãos amarrados por cerca de quatro horas certamente contribuiu para sua real morte. Os familiares apresentaram queixa e prestaram depoimento no 58ª DP.
"No primeiro óbito, a causa [que consta] é morte natural. No segundo, não sabemos ainda. O corpo foi para autópsia no Instituto Médico Legal (IML), e acho que o hospital está tirando o corpo fora. Não fala nada com a gente", reclamou Santos.
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, já foram instaladas uma comissão de sindicância interna para acompanhar a parte administrativa do caso e uma comissão de ética médica para descobrir se houve falha da equipe.
"Impressão inicial"
O diretora do Cremerj, Pablo Vázquez, afirma acreditar que em uma semana será possível ter "uma impressão inicial" sobre o que realmente houve. Se os médicos envolvidos forem considerados culpados por negligência, sofrerão uma punição que pode ir de advertência à cassação do registro.
Por causa da distância do parentesco entre Santos e Neves, o corpo dela ficará no IML até amanhã, quando a família reiniciará os trâmites necessários para o enterro.
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