Polícia Militar usará armas não-letais em eventos de massa
“Quando da realização dessas operações, sugere-se que apenas os oficiais e os delegados de Polícia que comandarem tais ações, devam estar portando armas de fogo; devendo o restante dos comandados estarem portando, se necessário, armas e instrumentos não letais”, explica o ouvidor das Polícias de Mato Grosso, Auremárcio Carvalho.
A sugestão foi acatada pela assessoria Jurídica da PM (Parecer 320/2006). Diz o parecer: “1 - Pelos motivos expostos neste parecer, a proposta deve ser acatada no que tange à utilização de armas não-letais pelos policiais militares nas cidades onde este tipo de armamento esteja disponível para as ações de reintegração de posse e controle de manifestações populares”.
A assessoria jurídica sugere que sejam realizados cursos de aperfeiçoamento de técnicas não-letais e a inclusão no orçamento de 2007 pelo Estado, de previsão para aquisição de novos armamentos e equipamentos não-letais, com a finalidade de atender todo o efetivo da Polícia Militar, tanto no Interior quanto na Capital. “Essa postura da PM/MT é inédita no Brasil e representa um avanço na concretização de uma política de direitos humanos e capacitação de seus integrantes”, comemora Auremárcio Carvalho.
As armas não-letais são, por exemplo, as cápsulas de gás lacrimogêneos, gás fumigeno (fumaça- CO2), agente pimenta, balas de borracha, Gl 307-B- espargidor de luz e som em alta potência, entre outras.
Essas armas visam, primariamente, a conter ou a imobilizar a pessoa, sem causar danos a sua saúde ou físicos (lesões). “É possível, sabemos, um confronto direto e, às vezes, com vítimas, numa operação de reintegração de posse ou no controle de uma manifestação popular; quando os ânimos estão acirrados. Os policias não estarão proibidos de agir de forma mais dura quando necessário, mas o que se evitará é a possível ocorrência de mortes”, analisa o ouvidor das Polícias.
Em Mato Grosso, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) já opera, em algumas situações, com armas não-letais. A Secretária de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em conjunto com a Polícia Militar, está executando um projeto de ampliação do uso desse tipo de armamento, bem como o treinamento dos policiais.
Com o parecer e a aprovação da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, Mato Grosso se alinha na recomendação da ONU sobre prevenção de crimes e tratamento de presos de 1990, que traçou princípios básicos do uso de armas de fogo pelos agentes públicos, assegurando aos seus militares uma atuação técnica e dentro dos parâmetros mundiais de respeito aos direitos humanos de todos os envolvidos em tais situações. (Márcia Andreola/Sejusp-MT)
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