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Nacional
Segunda - 07 de Agosto de 2006 às 09:11

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Agora é oficial: Jean-Michel Cousteau, filho do legendário oceanógrafo francês Jacques Cousteau, vai voltar a explorar a Amazônia, 25 anos depois da jornada que fez com seu pai pela maior rede fluvial do planeta.

Na última sexta, em São Paulo, Cousteau recebeu a confirmação do financiamento para o projeto e disse que pretende produzir dois documentários sobre a jornada. O anúncio foi feito em entrevista coletiva na sede paulistana da Dow, fabricante de produtos químicos que patrocina a atual série de programas de Cousteau na televisão americana e financiará seu retorno à Amazônia.

"Ainda não sabemos exatamente qual será o roteiro da viagem nem o que iremos encontrar", diz Cousteau. "Queremos documentar as mudanças que afetaram o sistema fluvial da Amazônia nesses 25 anos e verificar se as previsões feitas pelos cientistas naquela época se tornaram realidade", completa Richard Murphy, biólogo marinho americano e membro da equipe original dos Cousteaus, que também retornará aos rios amazônicos.

A jornada servirá também para extrair dados científicos sobre a região. "Queremos trabalhar com cientistas brasileiros, como nossos colegas do Inpa [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia], para alcançar esse objetivo", diz.

O plano é fazer duas visitas: uma em outubro deste ano e outra em março do ano que vem, de forma que a equipe consiga examinar a floresta tanto na estação chuvosa quanto na seca. O primeiro dos documentários poderia ser exibido no começo de 2007 nos EUA, "e por que não ao mesmo tempo no Brasil?", diz Cousteau, ressaltando, ao mesmo tempo, que isso dependerá do interesse de emissoras no país.

"Uma coisa que nós certamente não faremos será ir até as nascentes do Amazonas nos Andes. Nós somos gente do mar, nunca passamos tanto aperto quanto lá em cima", ri-se o explorador francês, lembrando que, entre outros contratempos, as lhamas da equipe fugiram montanha abaixo e a equipe acordou com um forte cheiro de comida no meio da noite. "Nossos fogareiros não funcionavam por falta de oxigênio para queimar o querosene. Então, Dick [Richard Murphy] resolveu descongelar nossa comida de astronauta aquecendo-a entre suas pernas", conta ele. "O problema é que os franceses eram tão enjoados e tão acostumados com boa comida que não queriam saber daquela gororoba. Acabou que eu consegui comer e eles ficaram com fome", rebateu Murphy.

Além da Amazônia, a equipe de Cousteau obteve financiamento para mais seis episódios de sua série: dois sobre o Mississipi, o maior rio da América do Norte, um sobre orcas, outro sobre belugas (parentes dos golfinhos), um sobre crustáceos e outro ainda indefinido.

Cousteau, que é um dos principais ativistas pró-ambiente do mundo hoje e chegou até a fazer uma participação especial no DVD do desenho animado "Procurando Nemo" para falar sobre o risco do aquecimento global (veja texto à dir.), diz ver sinais de esperança na luta contra o descontrole do efeito estufa. "Embora o governo dos EUA não tenha assinado o Protocolo de Kyoto, há movimentos como os de prefeitos das principais cidades americanas, que estão fixando metas próprias para reduzir emissões. Temos de participar desse processo com críticas construtivas, e não apenas protestando", disse.




Fonte: Folha de S. Paulo

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