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Nacional
Segunda - 07 de Agosto de 2006 às 02:26

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A policial civil Ludmila Maria Fernandes Fragoso, 24 anos, torturada e assassinada na última quinta-feira no Parque Estrela, em Piabetá, Magé (RJ), vinha sendo ameaçada por um político de Nilópolis (RJ), de acordo com Zoraide Vidal, 58 anos, mãe da vítima. Zoraide conta que a transferência da filha, há dois meses, da 57ª DP (Nilópolis) para a 22ª DP (Penha), foi motivada pelo medo de que as ameaças se concretizassem. A advogada não queria que a filha trabalhasse na polícia.

"Minha filha estava investigando e denunciando o envolvimento desse político em falcatruas, mortes e desvio de dinheiro. Ele falou que ela estava atrapalhando a transação e a vida dele e que aquilo não ficaria assim. Ludmila contou que ele disse que ela ia ser uma boa detetive embaixo da terra. Com medo, ela pediu para sair do processo e fez questão de sair da delegacia, de pedir a mudança", recorda Zoraide, que alega não lembrar o nome do político.

Ludmila, que se casou em setembro do ano passado, foi morta no dia em que se mudaria para Imbariê com o marido. Às 22h, quando deixou a mãe em casa, no Andaraí, a policial comentou que queria chegar logo em casa para o primeiro "dia de lua-de-mel". Meia hora depois, ligou a Zoraide perguntando se sabia a razão de um congestionamento.

"Às 23h, quando liguei para contar, o telefone caiu na secretária. Falei: Ludmila, se você ouvir a mensagem me liga para dizer se entendeu e que horas você vai chegar em casa. Ela não ligou e nunca fazia isso".

Zoraide passou a noite tentando falar com a filha. "O que mais me angustiou foi a falta de retorno. Sempre que eu ligava, ela retornava. Nunca me deixava sem notícia. Liguei para o marido dela e ficamos telefonando de hora em hora e ela não chegou a hora nenhuma. A gente se desesperou", lembra ela, acrescentando: "Quando ela me deixou em casa disse que não queria se atrasar para a primeira lua-de-mel na casa nova. Ela passou quase um ano reformando aquela casa, comprando os móveis, arrumando".

Amiga de Zoraide, Edileusa Andrade, 58 anos, que viu Ludmila crescer, conta que a oficial de cartório evitava andar com a identidade de policial. "Quando entrava no carro, a primeira coisa que ela fazia era tirar a carteira da bolsa e colocar embaixo do tapete. Ela tinha medo de ser assaltada e identificada como policial", conta prima de Ludmila, que pediu para não ser identificada.

Ludmila fez prova para a polícia por acaso. "Ela sempre foi uma aluna nota 10. No vestibular acertou 97% da prova e ganhou bolsa. Quando fez o concurso, todos da turma fizeram, foi a única que passou. Lembro que na formatura, ela foi homenageada por ser a única aluna a estar empregada", conta, emocionada, a mãe.




Fonte: O Dia

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