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Internacional
Domingo - 06 de Agosto de 2006 às 22:01

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Sob a atenção de milhares de indígenas bolivianos, o presidente Evo Morales abriu neste domingo a Assembléia Constituinte do país. Ele espera fortalecer a maioria indígena e pobre e consolidar as suas reformas de esquerda.

No poder desde janeiro, Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, disse que a instalação da assembléia eleita nacionalmente era uma "refundação" do país.

"O grande dia finalmente chegou para o nosso povo nativo. Se não resolvermos os problemas dos nossos irmãos aimará, quéchua e guarani, nunca seremos capazes de terminar com as dificuldades econômicas e sociais do nosso país", declarou o presidente.

Os povos indígenas representam 60 por cento da população boliviana e são tradicionalmente discriminados no país, o mais pobre da América do Sul.

Na eleição nacional do mês passado, o partido de Morales elegeu por pequena margem uma maioria na assembléia. Os legisladores têm até um ano para criar uma nova Constituição, que, espera-se, trate de temas como reforma agrária, direitos indígenas e maior autonomia para as províncias.

Dezenas de milhares de bolivianos, muitos com as tradicionais vestes coloridas dos indígenas, vieram das montanhas e cidades para se concentrar nas ruas estreitas desta cidade colonial, a capital histórica do país, e celebrar a abertura da Constituinte.

"Esperamos que Evo nos dê uma vida melhor", afirmou Juan Sesgo, que integrava a manifestação. Durante a cerimônia de abertura, o hino nacional foi cantado em espanhol e em três línguas indígenas. REFORMAS

A atual Constituição boliviana já passou por reformas desde que ratificada em 1967, mas esta será a primeira vez em que os índigenas terão influência no processo.

Grupos de oposição afirmam temer a possibilidade de Morales tornar a Constituição um documento com objetivos e propósitos de esquerda. Eles buscam comparar o presidente ao seu colega e aliado venezuelano, Hugo Chávez.

Contudo, por não contar com uma maioria folgada, Morales deverá ter que moderar o seu discurso se quiser ganhar apoio para as propostas.

O presidente defende, por exemplo, o direito das comunidades indígenas administrarem a sua própria justiça de acordo com as suas tradições, a redistribuição de terras e a nacionalização de recursos naturais.

Em maio, Morales nacionalizou a indústria de energia. A Bolívia tem a segunda maior reserva de gás do continente.

"Durante a nossa história, os recursos naturais têm sido permanentemente pilhados, e esses recursos voltaram para as mãos do Estado boliviano", afirmou o presidente, em discurso neste domingo.





Fonte: Reuters

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