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Internacional
Domingo - 06 de Agosto de 2006 às 20:54

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A lendária bailarina cubana Alicia Alonso, diretora do Balé Nacional de Cuba, está há tanto tempo no cargo quanto o seu amigo Fidel Castro.

Aos 85 anos, ela ainda se emociona ao recordar o dia de 1959 em que Fidel bateu na porta de sua casa em Havana. O presidente cubano entregou temporariamente o poder para seu irmão na segunda-feira enquanto se recupera de uma cirurgia.

"A primeira vez que eu o vi, ele me perguntou: O que você precisa para fazer uma boa companhia de balé?", lembrou Alicia.

Daquela conversa com Fidel, que descera recentemente de Sierra Maestra para derrubar Fulgencio Batista, surgiu o Balé Nacional de Cuba, uma das vitrines culturais da revolução cubana.

Durante cinco décadas, as coreografias da companhia têm sido aplaudidas de Moscou a Milão.

"O balé de Cuba, igual a todo o resto da cultura, se desenvolveu graças ao fato deste sistema ter se preocupado e financiado tanto a arte", afirmou a bailarina, em entrevista à Reuters.

Nas paredes azuis descascadas do seu escritório, em uma mansão colonial de Havana, há uma foto do guerrilheiro Ernesto Che Guevara e uma de Alicia com o pintor Pablo Picasso.

A bailarina teme pela saúde de Fidel, que, depois de quase meio século no poder, passou o poder provisoriamente ao irmão Raúl, para se recuperar de uma cirurgia.

"Agora, se estou preocupada com o que vai ocorrer? Não. Quando uma árvore cresce forte, ninguém pode cortá-la. Não quando há um povo que a defenda", afirmou ela, de vestido bege, carregada de maquiagem e com os lábios pintados de vermelho.

Cinco anos mais velha que Fidel, Alicia dançou até quase os 70, mas hoje caminha com dificuldade. Continua dirigindo ensaios da sua companhia e prepara uma turnê em setembro por Reino Unido, Egito e Espanha.

Nos últimos anos, vários bailarinos do Balé Nacional desertaram durante as apresentações no exterior.

A bailarina, antes da revolução, foi uma das principais defensoras do líder na alta sociedade cubana. O seu Balé Nacional abriu as portas da arte, antes reservada apenas para alguns privilegiados. Hoje, há 4.500 crianças nas escolas de dança de Cuba.

Alicia se lembra que durante a Crise dos Mísseis, em 1962, ela dançou em uniforme verde-oliva para o regimento que vigiava a base norte-americana de Guantánamo.

"Fidel é um exemplo de humanidade para o mundo. E eu não sou a única que pensa assim", comentou.





Fonte: Reuters

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