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Internacional
Domingo - 06 de Agosto de 2006 às 11:41

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Hiroshima lembrou neste domingo o 61º aniversário do bombardeio da cidade por uma bomba atômica, em cerimônia na qual se destacaram as declarações do primeiro-ministro Junichiro Koizumi, que disse que visitará novamente o templo de Yasukuni, símbolo do militarismo japonês.

A cerimônia no Parque da Paz, no centro de Hiroshima, reuniu 45.000 pessoas que fizeram um minuto de silêncio às 8h15 (20h15 de sábado em Brasília), a mesma hora em que em 6 de agosto de 1945 a primeira bomba atômica lançada contra a população civil explodiu sobre a cidade.

Mil pombas foram libertadas, enquanto duas crianças recitaram um "compromisso pela paz", repetido pelo prefeito de Hiroshima, Tadatoshi Akiba, que destacou a persistência até hoje da sombra de destruição nuclear sobre a cidade e sobre Nagasaki, bombardeada três dias depois.

"O número de nações apaixonadas pela maldade e escravizadas pelas armas nucleares está aumentando", disse Akiba. Segundo o prefeito, "a família humana está diante de uma encruzilhada. Todas as nações serão escravizadas ou libertadas?", questionou.

Akiba se referia à Coréia do Norte, que conseguiu produzir armas atômicas, e ao Irã, que mantém um programa de enriquecimento de urânio cujo fim ainda não foi esclarecido.

Na cerimônia de hoje foram acrescentados 5.350 novos nomes ao número de vítimas da bomba atômica. A explosão da bomba de urânio lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima causou a morte de 140.000 pessoas no momento da explosão e nos meses seguintes. Em 9 de agosto de 1945, foi lançada uma segunda bomba sobre Nagasaki, também no sudoeste do Japão, onde morreram outras 130.000 pessoas.

Seis dias depois, em 15 de agosto de 1945, o Japão se rendeu incondicionalmente aos EUA e terminava assim a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 30.000 pessoas morreram ao longo dos anos por terem sido expostos à radiação resultante das explosões atômicas.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, enviou uma mensagem de paz que foi lida pelo subsecretário-geral do organismo, Nobuaki Tanaka. "Um mundo sem armas nucleares pode parecer ainda distante, mas não é um sonho. O fim da Guerra Fria tornou possível uma redução considerável dos arsenais atômicos. Esse progresso agora deve ser acelerado e consolidado", disse Annan.

Também esteve presente na cerimônia o primeiro-ministro do Japão, que reafirmou o compromisso do país de "não produzir, não possuir e não permitir" a presença de armas atômicas em seu território. "Devo ressaltar novamente que continuamos na vanguarda da defesa da abolição das armas nucleares e da obtenção da paz permanente", disse Koizumi.

Polêmica No entanto, o primeiro-ministro voltou a provocar polêmica quando disse que estava disposto a visitar o templo de Yasukuni "a qualquer momento".

O santuário, localizado em Tóquio, é considerado por pacifistas e países vizinhos um símbolo do militarismo japonês que levou à expansão armada do país durante a Segunda Guerra Mundial e à invasão de boa parte do Leste da Ásia.

Países ocupados pelo Japão na época, como a China e a Coréia do Sul, acusaram Koizumi de renovar o espírito ultranacionalista com suas visitas a Yasukuni, onde são homenageados 2,5 milhões de mortos em combate e 14 criminosos de guerra.

Organizações pacifistas expressaram o temor de que Koizumi volte a visitar Yasukuni em 15 de agosto, na celebração do aniversário do fim da guerra.

Koizumi já foi ao templo cinco vezes desde que se tornou primeiro-ministro, e disse que suas visitas são de caráter pessoal e não ameaçam o preceito constitucional de separar a religião e o Estado. "Não há problema algum em pedir que não haja mais guerras e, ao mesmo tempo, expressar condolências pelos mortos em combate", disse o primeiro-ministro.

A polêmica veio à tona novamente na semana passada ao ser divulgado que o templo também foi visitado pelo porta-voz do governo, Shinzo Abe, principal candidato à sucessão de Koizumi em setembro, quando o primeiro-ministro deixa o poder e a presidência do Partido Liberal-Democrata.

A notícia provocou reações na China e na Coréia do Sul, cujo ministro de Assuntos Exteriores, Ban Ki-moon, pediu hoje a Abe que se comprometa a não visitar mais Yasukuni e estimule uma mudança na atitude do Executivo japonês em sua valorização das atrocidades cometidas pelo Japão no passado.





Fonte: Agência Estado

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