Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Domingo - 06 de Agosto de 2006 às 09:16

    Imprimir


Pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) voltam da morte para contar sobre a vivência mística do período de coma. Religiosos, psicólogos e médicos contrapõem-se para explicar o fenômeno da Experiência de Quase Morte (EQM). Alguns acreditam na veracidade dos fatos relatados, os céticos ainda se assustam.

É frequente que entre 6% e 23% dos que estiveram na fronteira da morte relatem sobre o túnel de passagem, amplamente iluminado, encontro com familiares e amigos mortos, recapitulação da vida, relutância em voltar e transformação da personalidade após o fato. Também se lembram de terem flutuado e visto a equipe de profissionais manipular seus corpos.

O fenômeno é comum em casos de morte clínica diagnosticada, mas revertida espontaneamente ou por indução, mesmo após ter sido detectada a ausência de sinais vitais como movimentos respiratórios e batimentos cardíacos. A ciência corre atrás para conseguir explicações.

Segundo o médico intensivista Douglas Saldanha, do Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC), a EQM acontece provavelmente no limiar da chamada morte biológica ou cerebral, quando se inicia a falência das células nervosas pela falta de oxigenação do cérebro.

Há 20 anos no setor, ele já ouviu e viu muitos acontecimentos "estranhos". Sabe que a maior reclamação dos pacientes no pós-UTI é do barulho de pessoas conversando. "A gente tem certeza que eles estão de alguma maneira escutando tudo que falamos e fazemos, contam com riqueza de detalhes depois, seja de maneira inconsciente ou espiritual, eles estão presentes".

Saldanha não sabe se acredita nos relatos das experiências. Tenta racionalizar as histórias, já que os medicamentos podem provocar delírios ou alucinações. Só passa a dar crédito ao paciente se ele consegue demonstrar noções de espaço e tempo. "Certa vez, uma paciente do Hospital do Câncer, bastante lúcida, dizia que havia uma mulher ao lado dela, repetia sempre que era para levarem aquela pessoa, porque estava atrapalhando a cura da doença, tive medo".

Outro intensivista, Ronaldo Taques, admite ter se deparado em diversas ocasiões com os relatos de EQM. Não sabe ainda se acredita, alguns deles são muito reais, assustam, convidam à reflexão sobre os limites entre vida e morte. "A maioria fala que está vendo parentes mortos, outros anjos ou uma luz muito intensa. Não se pode ter um coração de pedra para trabalhar aqui".

Para o clínico geral e cardiologista, Carlos Augusto Carretone, a experiência sobrenatural acontece através do encontro da alma com Deus. "Tenho vários pacientes que estiveram em coma que relatam terem visto anjos de luz, são situações impressionantes, mas nenhum deles me falou sobre os mortos, não acho que temos esta capacidade de nos comunicar com eles".

Por ser evangélico, o especialista prefere não entrar no mérito de correntes religiosas espiritualistas. Acredita nas histórias e visualiza nelas uma possibilidade do paciente edificar-se e mudar a conduta diante da vida. "A maioria deles quando volta busca uma outra direção, através da fé e do amor ao próximo". Carretone afirma que na UTI é possível observar as mãos de Deus operando verdadeiros milagres.





Fonte: Gazeta Digital

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/284963/visualizar/