Médicos dizem que lesões de Cristiano da Matta são sérias
Da Matta, que atropelou um cervo e, inconsciente, ainda bateu em muros de proteção, está em coma induzido. Os médicos só devem ter uma real noção do seu estado de saúde na noite de hoje, 48 horas após a cirurgia.
Embora existe essa previsão, há a possibilidade de um prognóstico mais preciso demorar semanas para ser feito.
Ontem, pela primeira vez, os cirurgiões reconheceram que as lesões no cérebro do piloto são "sérias". Até então, nenhum comunicado oficial qualificava o estado de Da Matta.
Em contato com parentes e amigos do piloto no hospital, a Folha de S.Paulo ouviu que a parte frontal da cabeça do piloto está muito inchada. Por isso, não foi possível o fechamento da mesma após a cirurgia, quinta-feira.
Embora familiares tenham afirmado que o procedimento é corriqueiro e não denota gravidade, neurocirurgões declaram que o risco de morte em situações assim é alto. "Pode ser um sinal de que o edema está fora de controle", afirmou Manoel Jacob Teixeira, médico do hospital Sírio Libanês. "A cirurgia de emergência é um outro indicativo de que o quadro é grave. O fato de ele ser um atleta em atividade vai ajudá-lo agora."
Tanto o batimento cardíaco quanto a pressão arterial de Da Matta estavam sob controle.
"Estamos olhando-o de perto", declarou Chris Pinderski, médico da Champ Car.
Os pais e o irmão de Da Matta, que estavam em Belo Horizonte, embarcariam ontem para os EUA. A chegada dos três estava prevista ao hospital no início da tarde de hoje.
A equipe de Da Matta, a Ru Sport, declarou que o piloto está fora da próxima corrida da temporada, em Denver, no dia 13, e que não irá colocar ninguém em seu lugar. O inglês Justin Wilson, companheiro do mineiro e que esteve ontem no hospital, disputará a prova.
A apreensão pelo acidente de Da Matta chegou a Budapeste, onde a F-1 realiza amanhã seu 13º GP da temporada.
A Toyota, equipe pela qual ele correu em 2003 e 2004, divulgou nota lamentando a batida e torcendo pela recuperação do piloto. Rubens Barrichello, que no início de carreira na F-1 morou com Da Matta em Oxford, também manifestou apoio e puxou uma corrente de oração com os pilotos Luciano Burti, Felipe Massa e Ricardo Zonta no motorhome da Toyota, no final da tarde de ontem.
Ainda não há informações se haverá a abertura de inquérito para apurar as responsabilidades do acidente. Tal procedimento é incomum no automobilismo dos EUA. Ontem, um porta-voz do circuito defendeu as condições de segurança do local. "Nossa pista tem 50 anos, e isso é muito, muito incomum", disse Julie Sebranek. "Há cercas de dois metros e meio de altura, com arame farpado. O cervo deve ter pulado."

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