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Internacional
Sábado - 05 de Agosto de 2006 às 04:20

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A proposta de mudar o nome da Bolívia para Collasuyo Bolívia, que um grupo de indígenas quer levar à Assembléia Constituinte, divide os bolivianos. O objetivo da mudança é "recuperar a identidade", disse à Efe o constituinte Pastor Arista, da organização Aliança Social, que representa os povos indígenas do norte de Potosí. Arista lembrou que o império dos incas era formado por quatro "suyos" (províncias): Collasuyo, Chinchasuyo, Antisuyo e Contisuyo. Por isso, o Conselho de Nacional de Ayllus, Marcas e Suyos do Collasuyo (Conamaq) propõe mudar o nome, explicou Arista, enquanto mascava folha de coca "para ter vitalidade". "Isto também faz parte de nossa cultura", ressaltou.

Wenceslao Alba, também da Aliança Social, discorda. Ele lembra que o nome ao país foi escolhido como uma homenagem ao libertador venezuelano Simón Bolívar. "Em 1825, a Bolívia nasceu com esse nome e uma mudança pode levar até mesmo à divisão do país", disse Alba à Efe.

O constituinte também revelou sua procupação com uma cisão no país caso seja aprovada a idéia de mudar as cores da bandeira. Um grupo defende a troca da atual, vermelha, amarela e verde, por outra com as cores do arco-íris, como a wipala (estandarte) indígena.

Orlando Ceballos, do Movimento Bolívia Livre (MBL), afirmou que uma recente enquete que ouviu 3.300 pessoas revelou que 46% são "fortemente contra" a mudança da bandeira, 34% são "contra" e só 3% defendem a idéia.

Para Rebeca Delgado, presidente da comissão que prepara a instalação da Assembléia, a possível mudança é um aspecto menor dos trabalhos da Constituinte. Tanto que nem perdeu tempo pensando no assunto. "Há temas de grande importância a serem discutidos na nova Constituição. Estamos falando de um Estado plurinacional, além da denominação", opinou.

María Teresa, habitante de Sucre, argumenta que o nome atual é "neutro" e representa todos os cidadãos. "A Bolívia é um país multiétnico, pluricultural, por isso tentar adotar o nome de alguma etnia ou nação não tem sentido", diz.

Petrona de González, vendedora de balas que trabalha nos arredores do prédio onde trabalham os constituintes, aos 69 anos só quer continuar chamando seu país pelo nome que conhece desde pequena: Bolívia. "Quero é que os constituintes façam alguma coisa para acabar com a pobreza", pede.




Fonte: Terra

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