Saída de Fidel coloca Cuba em perigo
O núcleo dirigente de seis pessoas designado por Fidel Castro para apoiar seu irmão Raul e controlar a situação é, deste ponto de vista, uma mistura sutil entre a "velha guarda" do castrismo e uma geração mais nova e sem dúvida mais preparada para os enormes desafios do país, estimam os analistas.
Sob o olhar vigilante de José Ramon Machado Ventura, de 75 anos, organizador histórico do Partido Comunista Cubano (PCC), e de José Ramon Balaguer, de 74 anos, outro veterano do comunismo mais ortodoxo, o vice-presidente Carlos Lage, de 54 anos, artífice das tímidas reformas econômicas dos anos 1990, deverá assegurar, junto com Raúl Castro, a continuidade dos grandes programas lançados por seu irmão.
Raúl ainda é assessorado pelo presidente do Banco Central, Francisco Soberon, de 62 anos, que acaba de entrar no Comitê Central do PCC, e pelo jovem chefe da diplomacia cubana, Felipe Perez Roque, de 41 anos, que por sete anos foi secretário particular do "comandante-em-chefe".
A ligação entre os dois grupos está a cargo do ideólogo do regime, Esteban Lazo, de 61 anos, formado em economia. Única figura "brilhante" do regime, Ricardo Alarcon, de 69 anos, foi durante 12 anos representante de Cuba na ONU e atualmente preside o Parlamento. Até o momento, ele não assumiu nenhuma função particular no núcleo de governo e funciona como um "coringa" próximo a Raul Castro. Sua liberdade de expressão revela a confiança que os dois irmãos têm nele.
"É uma equipe destinada à continuidade, não à transição", estimou um diplomata ocidental. A equipe interina parece estar fazendo um esforço para preencher o sentimento de vazio político: a extraordinária personalização do poder por quase meio século fez de Fidel o único "comunicador" do país.
Até então um homem à sombra do regime, Raúl Castro é agora objeto de uma "campanha de promoção" na mídia oficial, numa preparação para uma aparição pública, muito esperada por uma população ainda cética em relação ao novo dirigente
A manutenção da estabilidade política tornou-se esta semana a prioridade de Raúl Castro: invocando o tradicional "perigo americano", o ministro da Defesa ativou imediatamente seu aparelho de segurança para prevenir qualquer tentativa de oposição nas ruas.
Os opositores estão sob uma "vigilância revolucionária" permanente e não têm condições de organizar um movimento de protesto popular. As Forças Armadas Revolucionárias (FAR), o exército cubano, reduzido a 50 mil homens, abriga em seu seio jovens oficiais favoráveis a uma evolução do regime, mas pouco dispostos a se arriscar numa aventura.
A população, que sobrevive com um salário médio de cerca de 15 dólares numa economia fortemente subvencionada, sofreu, sobretudo nas cidades, com a recessão dos dois últimos anos, que se seguiu às modestas reformas econômicas da década anterior.
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