Logística e seguro rural, desafios distantes de solução no país
"O próprio Ministério da Fazenda afirma que não adianta dar mais dinheiro para o Ministério dos Transportes porque ele tem capacidade de gastar só 2,5 bilhões por ano," disse Protasio durante o seminário. Em entrevista à Reuters no intervalo do congresso, o presidente da Anut explicou que o problema não é só de competência, mas sim de planejamento e gestão, para que os projetos possam ser executados em obras prioritárias e no tempo certo, sem que sejam perdidos os prazos para o gasto dos recursos. "O que acontece é gestão, se tiver gente pró-ativa lá você vai poder gastar todos os recursos na hora certa e nos projetos certos." Não apenas na área rodoviária há déficit de investimento, segundo Protasio. Hoje o Brasil conta com 28 mil quilômetros de ferrovias, "mas, se quiser atender as necessidades futuras, dobrar isso aí não vai bastar," disse ele.
De acordo com o presidente da Anut, na área portuária está o outro desafio do Brasil, que movimenta 90 milhões de toneladas ao ano. "Até 2011, temos de equipar os portos para uma movimentação adicional de 45 milhões de toneladas," acrescentou, destacando ainda que 25 por cento da safra de grãos e oleaginosas do Brasil sofre com a falta de armazéns. Embora acredite que o governo tem consciência dos problemas, ele admitiu que há um risco de queda em investimentos no setor, por temor de que as dificuldades logísticas impeçam um crescimento maior do agronegócio. "Acho que o empresário tem medo de produzir porque não sabe se vai conseguir entregar. Diante disso, ele toma a decisão de não investir." Seguro Já o sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Roberto Mendonça de Barros, apontou, além das questões tributárias, cambiais e da elevadas taxas de juros do país que afetam a renda do produtor rural, a falta de um amplo sistema de seguro rural como outro problema sem solução no curto prazo.
"O seguro tem de ser a coisa mais importante na agenda do setor," disse ele, destacando que se os produtores fossem ressarcidos em eventuais perdas a inadimplência do setor rural seria bem menor. "As crises de inadimplência ocorrem pelo fato de não haver um seguro rural... É preciso superar o histórico constante e recorrente de inadimplência no pagamento de dívidas rurais," acrescentou ele. Outros especialistas no congresso lembraram que seria muito mais barato o governo investir em seguro do que gastar dinheiro para apoiar a comercialização ou renegociar dívidas. Apesar de o atual governo ter conseguido aprovar uma lei para executar o seguro rural, Mendonça de Barros vê ainda o monopólio do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) como algo que limita os investimentos no setor, até mesmo do capital estrangeiro, e consequentemente uma ampliação do sistema. "A primeira coisa é acabar com o monopólio do IRB, coisa que não deve ocorrer neste governo, como foi prometido," disse ele, lembrando que todos os grandes produtores agrícolas do mundo contam com um seguro rural adequado. "É preciso aprimorar a gestão de riscos... Já que a logística é ruim, quanto mais barato se produzir, melhor."
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