Diabetes com origem genética conhecida tem tratamento via oral
Uma mutação do gene do receptor de sulfamidas (moléculas que aumentam a secreção da insulina) é uma das causas do diabetes neonatal --modalidade pouco freqüente que afeta um em cada 100 mil a 500 mil recém-nascidos-- e, em menor número de casos, do tipo dois de diabetes, que atinge adultos.
Das 73 crianças diabéticas analisadas na pesquisa, nove apresentavam essa mutação --que não destrói as células que liberam insulina, mas as mantém inativas--, explicaram em comunicado o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, em francês) e o Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm, em francês).
A mutação ocorre em entre 12% e 15% dos casos de diabetes neonatal e, possivelmente, entre 1% e 3% dos adultos, segundo os autores do estudo, que são franceses e americanos. Com o tratamento oral de sulfamida, essas células voltam à atividade, o que torna as injeções de insulina desnecessárias.
Durante a experiência, o tratamento foi eficaz em quatro crianças e no pai de uma delas, que havia transmitido a mutação genética.
"Parecia um pouco arriscado administrar sulfamida para um adulto que por toda a vida fez um tratamento de insulina, mas tudo funcionou muito bem", disse à agência Efe Philippe Frogel, diretor de uma das equipes autoras do estudo, cujos resultados foram publicados pela publicação científica "The New England Journal of Medicine".
"Isso abre as portas para tratamentos mais individualizados do diabetes", a partir da análise genética do paciente, acrescentou Frogel, pesquisador do Instituto Pasteur, em Lille (norte da França). Outro estudo desses pesquisadores publicado no mesmo número do "The New England Journal of Medicine" reforça essa tese, ao mostrar a possibilidade de interrupção do tratamento por insulina em 44 dos 49 diabéticos examinados com uma anomalia no canal de potássio.
A equipe de Frogel trabalha agora no estabelecimento de uma "verdadeira carteira de identidade genética" que facilite o tratamento personalizado do diabetes.
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