Juiz pode pedir prisão médico acusado de erro em GO
Segundo a denúncia do MP, o crime aconteceu em dezembro de 2000, quando R.M.S. teria se submetido a uma cirurgia plástica para redução e levantamento dos seios. Na ocasião, Caron, reduziu a mama direita da vítima de forma mais acentuada, deixando a visivelmente menor que a esquerda, e posicionou as duas auréolas muito acima do normal.
Quando R.M.S. retornou, cinco dias depois, para a retirada dos pontos, ficou constatado que os cortes estavam infeccionados. Mesmo quatro meses depois de retirados os pontos, a mama direita continuava com uma ferida aberta, o que obrigou a vítima, um ano depois, a procurar outro médico para proceder à retirada de alguns pontos internos, permanecendo, contudo, as deformidades.
Em fevereiro, quando Caron compareceu a um interrogatório, negou que tenha ocorrido algum erro médico durante cirurgia de R.M.S.. De acordo com o ex-médico, o laudo pericial no qual a promotoria se baseou para propor a ação penal desmente, por si só, a denúncia do MP, pois atesta que a lesão da vítima é "completamente reparável por uma intervenção cirúrgica simples".
No depoimento, Caron ainda afirmou que não existe paciente que seja capaz de ficar com uma ferida aberta por quatro meses. "A operação realizada em R.M.S foi tranqüila e bem sucedida, de forma que ela nunca lhe fez qualquer reclamação. Eu a operei em 2000 e ela somente veio a me procurar em 2003, quando a minha situação estava exposta na mídia. Procurou-me dizendo que precisava de dinheiro e se contentaria com o retorno do dinheiro gasto na cirurgia", afirmou, acrescentando que pagou a ela, na época, cerca de R$ 3 mil, valor superior ao que ela desembolsou pela cirurgia.
Ainda de acordo com o ex-médico, R.M.S. foi informada, na época da cirurgia mal sucedida, da disponibilidade dos médicos da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica de fazer a reparação gratuitamente, ao que ela recusou. Ele disse que, contrariamente à denúncia formulada contra si, jamais fez propaganda de seus serviços e acusou o MP de ter feito uma campanha ampla convocando suas pacientes a comparecer à sede do órgão e a denunciar possíveis lesões. "Sei de casos de pacientes minhas que receberam telefonemas de promotores em suas casas", garantiu.
Marcelo Caron é acusado da morte de cinco mulheres, nas quais fez cirurgias de lipoaspiração em Goiás e no Distrito Federal. Ele também é alvo de 35 denúncias no Conselho Regional de Medicina Federal, de Goiás e do Distrito Federal feitas por ex-pacientes que teriam sofrido lesões corporais entre 1999 e 2002. O ex-médico teve seu registro cassado em fevereiro de 2002.
Comentários