Documento britânico que vazou vê "guerra civil" no Iraque

É mais provável que o Iraque mergulhe em uma guerra civil do que se transforme em uma democracia, disse o futuro embaixador da Grã-Bretanha em Bagdá em um cabograma diplomático que vazou ao público, segundo informou a BBC na quinta-feira. O cabograma de William Patey, de Bagdá, faz uma avaliação bem mais pessimista para as perspectivas no Iraque do que qualquer outra autoridade britânica. Adverte sobre a perspectiva de milícias xiitas formando um "Estado dentro de um Estado", como o Hizbollah no Líbano.

"O prospecto de uma guerra civil de baixa intensidade e uma divisão de facto do Iraque é mais provável nesse estágio do que uma transição bem-sucedida e substancial de uma democracia estável", escreveu, segundo trechos citados pela BBC.

"Mesmo a expectativa mais baixa do presidente (George W.) Bush para o Iraque — a de um governo que pode se sustentar, se defender e se governar por conta própria e que seja um aliado na guerra ao terror — deve permanecer uma dúvida", diz o cabograma, enviado ao primeiro-ministro Tony Blair.

Ao descrever a principal milícia xiita, ele escreveu: "para evitar um mergulho na guerra civil e na anarquia, então evitar que (o exército Mehdi) vire um Estado dentro de um Estado, como o Hizbollah fez no Líbano, será uma prioridade".

Mas Patey também disse, no entanto, que a situação no Iraque "não é sem esperança".

A chancelaria britânica disse que não comenta documentos vazados.

"Todos os dias a capacidade de as forças de segurança iraquianas administrarem sua própria segurança está crescendo", disse uma porta-voz.

A visão expressa no cabograma de Patey reflete o pessimismo entre várias autoridades de alto escalão iraquianas, conforme a violência cresce nos últimos três meses desde que um novo governo "de unidade" assumiu o poder.

Uma importante autoridade iraquiana disse à Reuters, no mês passado, que "o Iraque como um projeto político acabou", com a capital dividida entre distritos sunitas e xiitas e autoridades trabalhando para dividir o controle do país segundo linhas étnicas e sectárias.