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Quinta - 03 de Agosto de 2006 às 09:37

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SÃO PAULO - Foram anos gloriosos para Jane Fonda, os da década de 1970 A filha de Henry Fonda firmara-se como mito sexual na França, especialmente graças a Barbarella, de Roger Vadim, com quem foi casada. De volta aos EUA, virou militante contra a Guerra do Vietnã. Em 1971, ganhou seu primeiro Oscar, por Klute, o Passado Condena, de Alan J. Pakulça, no qual criou a prostituta Bree Daniels. Sete anos mais tarde, veio o segundo prêmio da Academia de Hollywood, por Amargo Regresso, no qual Hal Ashby discutia a reintegração dos combatentes no Sudeste Asiático à sociedade americana, após a desmobilização. O filme está para o Vietnã como Os Melhores Anos de Nossas Vidas, de William Wyler para a 2.ª Guerra Mundial.

Entre os dois filmes que lhe deram o Oscar, Jane consolidou a imagem de contestadora em filmes como Adivinhe Quem Vem para Roubar, de Ted Kotcheff, que agora sai em DVD, pela Sony. A mesma distribuidora lança, simultaneamente, o remake de Dean Parisot, As Loucuras de Dick e Jane, com Tea Leoni e Jim Carrey nos papéis de Jane e George Segal. Só um parêntese - George Segal era tão bom. Por volta de 1970, marcou presença em filmes como o genial O Amor É Tudo (Loving), de Irvin Kershner, que também sumiu na noite dos tempos, embora fosse muito melhor do que outras obras supervalorizadas ou injustamente consagradas.

Eram os anos em que os reacionários colaram em Jane a etiqueta de Jane Hanói. Ela seria traidora da pátria, desde que, em Paris, desembarcou de um vôo do Vietnã portando o chapéu de vietcongue e denunciando o uso do napalm pelas forças americanas Jane, mais tarde, no período em que esteve casada com Ted Turner, pediu desculpas aos veteranos e iniciou uma impossível batalha contra o tempo, divulgando todo tipo de ginástica para que mulheres de sua geração continuassem esculpindo um corpinho de 20 anos. A imagem de Jane mudou - a imagem que ela fez questão de cultivar, num e noutro momento. A contestadora e a Barbie, que Jane tentou ser, por amor a Turner, comenta-se.

Em 1976, ano de Adivinhe Quem Vem para Roubar, ela ainda era a revolucionária que filmou Tout Va Bien, com Jean-Luc Godard, provocando o ódio dos sindicatos de operários da França, que consideraram os dois, o diretor e a estrela, irresponsáveis pela crítica que faziam ao novo modelo de sindicalismo, o de resultado, mais voltado ao consumismo do que à consciência de classe. Jane, a contestadora, levou o próprio nome à personagem que interpreta na comédia de Kotcheff - quando o marido (Segal) é demitido, o casal tem certeza de que tudo vai se arranjar. Afinal, os EUA são o país do sonho. Só que ele não arranja emprego e a mulher é do tipo que não sabe fazer nada além de gastar.

Graças a um pequeno incidente, ambos descobrem que poderão resolver o problema das finanças. Afinal, quem rouba ladrão - os bancos - tem perdão, não? Essa idéia também estava no ótimo Ladrão Que Rouba Ladrão, de Richard Brooks, com Warren Beatty, de 1972, avalizada, agora, por Jane Hanói e a suprema ironia do filme é que Jane e Dick, o personagem de George Segal, descobrem que roubar dá um trabalho danado. O remake segue basicamente a mesma história e tem momentos ótimos, embora tropece na necessidade de ser politicamente correto. Jane e Dick roubavam para ajudar os pobres, isto é, eles, na comédia antiga. Na nova versão, bancam Robin Hoods, promovendo a justiça social. A virulência fica diluída. A Jane antiga era melhor, o que vale também para a Fonda.





Fonte: Agência Estado

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