Dólar sobe com pessimismo sobre trajetória dos juros nos EUA
O forte mau humor em Wall Street por causa dos últimos números sobre inflação divulgados contaminou o mercado local.
Segundo o Departamento do Comércio dos EUA, os gastos dos consumidores cresceram 0,4% em junho, contra 0,6% em maio. Os ganhos subiram 0,6%, ante 0,4% no mês anterior.
Mas o indicador de inflação atrelado ao índice de ganhos registrou aumento de preços de 0,2% na comparação mensal e de 2,4% na comparação com junho do ano assado, o que alimentou os temores de continuidade do ciclo de aumento dos juros americanos.
Em junho, a taxa foi elevada pela 17ª vez consecutiva, em 0,25 ponto percentual, para 5,25% ao ano. O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) tem dito que altas adicionais dependem do comportamento dos indicadores --por isso, eles são acompanhados com máxima atenção. "Na semana passada, todos os índices apontavam para manutenção dos juros no atual patamar. Hoje, saíram dados que dizem o contrário", afirma Marcelo Voss, economista-chefe da corretora Liquidez.
Essa instabilidade do cenário externo --da qual o conflito no Oriente Médio, o aumento dos preços do petróleo e das commodities metálicas também são ingrediente-- deve afetar mais a Bovespa do que o câmbio, embora este sofra com o pessimismo de forma geral, como aconteceu hoje.
A tendência ainda é de desvalorização da moeda norte-americana ante o real. Especialistas dizem que, se o Banco Central não estivesse atuando, as cotações estariam abaixo de R$ 2,10. À tarde, a instituição realizou leilão de compra de divisas à vista, com corte a R$ 2,192.
O ingresso de recursos no país segue forte: em julho, a balança comercial brasileira alcançou o melhor resultado mensal da história, com superávit de US$ 5,638 bilhões. A estimativa dos analistas é de que no curto prazo o dólar oscile entre R$ 2,18 e R$ 2,23.
Paralelo e turismo
O dólar paralelo ficou estável a R$ 2,42 e o turismo recuou 0,44%, para R$ 2,255.
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